Reconstruindo Caminhos

Reconstruindo Caminhos
Escrevo porque chove saudades no terreno das minhas lembranças e na escrita eu deságuo as minhas urgências, curo velhas feridas e engano o relógio das horas trazendo o passado para brincar de aqui e agora... Costumo dizer que no calçadão da minha memória há sempre uma saudade de prontidão à espreita de que a linguagem da emoção faça barulho dentro de mim e que, nessa hora, o sal das minhas lágrimas aumente o brilho do meu olhar e uma inquietação ponha em desalinho o baú de onde emergem as minhas lembranças, para que eu possa, finalmente, render-me à folha de papel em branco...

setembro 22, 2007

DESPUDORADAMENTE FELIZ





A essa altura da minha vida, não quero mais fazer concessões ao politicamente correto .Quero assumir despudoradamente as minhas paixões pela vida, pela alegria de viver e por você, felicidade, que há anos habita o imaginário das minhas emoções mais vívidas e puras.

Não quero mais ter 15 anos – eu era boba.
Não quero mais ter 18 anos – eu era deslumbrada.
Não quero mais ter 25 anos – eu era um poço de interrogações, do que fazer, pra onde ir e com quem estar.
Não quero mais ter 30 anos – eu já tenho todas as respostas, mas não sei o que fazer com elas.


Eu quero chegar aos 40 sem medo de envelhecer.
Eu quero ter 50, 60, 70, 80 e poder somar todas essas vivências e transformá-las em algo lúdico e que me dê prazer.
Eu quero me vestir de colombina outra vez e me deslumbrar em encantamentos pela vida. Quero recolher das interrogações dos meus 25 anos, apenas as certezas do que me fez feliz. E com as convicções dos 30 um caminho trilhado com sabedoria e paciência, uma paciência e tolerância zen-budista para entender e aceitar que nem tudo que reluz, é ouro, e ainda assim correr atrás do verde esperança.
Eu quero olhar para as minhas primeiras rugas, no espelho, e lembrar que elas contam um pouco do que já vivi, do que fui e do que conquistei.


A essa altura da minha vida, não quero sabotar os meus sentimentos em busca de um status que me massifique e me torne igual.
Quero agarrar a vida pela mão e com ela viajar por prados verdejantes e planícies nunca antes freqüentadas; sem lenço, sem documento e sem data para voltar.
Quero a partir daí, fazer 50, 60, 70, 80, quiçá 100, e poder dizer: Vivi! Dei uma volta ao redor de mim mesma, desfiz malas e bagagens desnecessárias, tirei todo o fardo que puseram em cima dos meus ombros e fui feliz. Despudoradamente Feliz!!!


Este texto foi feito em homenagem a minha filha Danielle.

Queria!



Queria poder me reinventar, me reconstruir, buscar, nos escombros do que restou de nós dois, apenas o que de bom pudesse servir para edificar uma nova morada, onde a varanda da casa solidão, que tantas vezes acolheu-me em prantos, pudesse ser testemunha do encontro de um novo amor. Um novo amor, um amor novinho em folha, sem pedaços, nem partidas...
Ando querendo me reconstruir, e nesse processo, estou em busca do que sobrou da história de amor de nós dois.
São as saudades esquecidas que eu deixei adormecer no baú das minhas recordações.
Saudades que o tempo não destruiu, cenas em flashback de um sonho de amor, numa noite de verão.
São saudades de ternuras desfeitas, de desejos não realizados, de carinhos abortados a caminho do teu coração.
Ah! quanto de mim ficou perdido nesses destroços: a minha alegria menina, o meu olhar juvenil, o encantamento do primeiro amor e o desejo, ainda em flor.
Queria poder recuperar parte do que fui, para hoje, juntar ao que sou, e inteira poder me entregar a plenitude desse novo amor.

setembro 21, 2007

SOLIDÃO







Quanta solidão há em meu olhar, quando vejo que naquela rua ,por onde dobram esquinas, não mais verei surgir o teu vulto alegre e o teu caminhar altaneiro.


Quanta tristeza abrigo em mim ,quando vejo que por aquela rua , hoje quase nua, não mais sentirei a alegria de ver-te e o descompassar do meu coração.

Quanta saudade acalento, só pra dizer em forma de canção, que o meu amor por ti, qual rio que segue pro mar, só aumentou em proporção.

Quanta esperança procura espaço dentro de mim, tentando de todas as formas evitar a agonia de um amor sempre em partidas.

Quanta alegria e quanta pressa em meu olhar, que varre esquinas e percorre ruas, achando longe, não te achar.

setembro 20, 2007

Talvez















Não sei mais brincar com as palavras! De repente, em minha vida, o sol se pôs no horizonte antes cheio de promessas – você tardou e o anoitecer prenunciou uma manhã cinzenta de céu e de lágrimas...

O que fazer agora com os sonhos recolhidos da primavera da minha juventude e trazidos à tona apenas pelo compromisso de um reencontro? Preciso me situar entre o sonho, a fantasia, o desejo e essa teimosa realidade que finca os meus pés no chão e desvia os meus olhos das estrelas aonde ando buscando você em noites de solitários devaneios.

Preciso estender a minha colcha de retalhos, esse quadro de momentos e histórias de vida que compõe o cenário de uma existência inteira. Recolher sonhos, essa é a palavra de ordem! Mas o que fazer com o coração cheio de alegria, em expectativa, transbordando felicidade através do olhar? Resgatar o “tempo que adormece as paixões”, esse, sim, é o único comando que o meu coração pedinte e carente ousa obedecer.

Ando pesquisando no passado pedaços de mim que ocultei de você. Retalhos de uma história de amor, que ficou ao sabor dos ventos e que hoje tal e qual um redemoinho, vêm em minha direção, provocando um turbilhão de sentimentos contraditórios. Entre o sim e o não, eu me permito o talvez.

setembro 19, 2007

Segredos de uma Caixinha de Veludo!


Numa tarde fria do mês de janeiro, em que o calendário hoje parece uma fotografia em sépia, o sol se fez presente, aquecendo o meu coração e dando um colorido tão intenso aos meus dias, que a passagem dos anos não conseguiu apagar.

Fui em busca do baú das minhas recordações e lá encontrei a minha Caixinha de Veludo. Abri, carinhosa e cuidadosamente e lá estava você; junto, coladinho às minhas saudades esquecidas.

Ah, se a minha caixinha de veludo pudesse falar! Ela diria tantas coisas...
Ela convidaria você a revisitar em seu sítio de memórias, uma certa praça, testemunha silenciosa de um amor puro que ficou lá no passado. Passado de doces lembranças, de cálidas ternuras, de cartas amareladas pelo tempo, falando de sentimentos e emoções, um desejo ingênuo de tornar “infinito em quanto dure” um amor que se fez eterno, cristalizado dentro de uma Caixinha de Veludo. Ela convidaria você a lembrar que eu fiquei parada em uma estação chamada saudade, onde todos os desencontros acontecem, documentando que alguém não foi feliz.

Mas como bem diz, aquela canção do Lulu: "nada do que foi será, de novo, do jeito que já foi um dia. Tudo passa, tudo sempre passará."
Só a minha caixinha de veludo, não passa! Ela eternizou lembranças, cristalizou sentimentos e se fechou em saudades esquecidas.

setembro 18, 2007

RECONSTRUINDO CAMINHOS




Há algo em construção a caminho!

Um quê de saudade me diz que a mesma ponte que conduziu os seus passos àquela estação, traz de volta hoje, pelas janelas da alma, lembranças e afetos que ficaram em “stand by” por um longo tempo.

Tempo, tempo, tempo... Por que retornas sorrateiro e covardemente da tua laje fria, trazendo à vida os teus cadáveres insepultos?

Que queres, tu, de mim? Não te foi suficiente os meus anos de solidão e o enterro das minhas quimeras? Que mais queres? Tudo entreguei junto com a minha juventude e os meus sonhos. 
A velha chama - resquício de um amor que ainda arde em mim, conta a história de um amor que teve início e parece não ter fim, agonizando vez ou outra em processos de partidas, para retornar sempre de assalto e dizer simplesmente: “Abre a tranca da janela, por favor, que o pior da tempestade já passou”.

Não! Não passou.
Hoje, tal e qual um redemoinho, ela invade e desarruma, desestruturando bases sólidas de um caminho construído sobre pontes que falam de amor, de saudade e de dor.
E agora tempo, o que fazer com as palavras soletradas em silêncio? Elas dizem que tudo é nada sem você.

Há algo em construção a caminho!
Sou eu, ainda e sempre, indo em sua direção, brigando com o “tempo que adormece as paixões” e construindo saudades que me levam de volta a você.