Reconstruindo Caminhos

Reconstruindo Caminhos
Escrevo porque chove saudades no terreno das minhas lembranças e na escrita eu deságuo as minhas urgências, curo velhas feridas e engano o relógio das horas trazendo o passado para brincar de aqui e agora... Costumo dizer que no calçadão da minha memória há sempre uma saudade de prontidão à espreita de que a linguagem da emoção faça barulho dentro de mim e que, nessa hora, o sal das minhas lágrimas aumente o brilho do meu olhar e uma inquietação ponha em desalinho o baú de onde emergem as minhas lembranças, para que eu possa, finalmente, render-me à folha de papel em branco...

fevereiro 29, 2008

Gratidão




Tenho alma de criança e embora o meu corpo acompanhe a minha idade, sinto a vida de uma maneira leve, quase lúdica. Nada me pesa, nem as mágoas, nem os rancores, nem os sofrimentos que chegam sem aviso prévio. Aprendi a agradecer a Deus por tudo que ele me enviou em forma de bênçãos e também de dificuldades, pois, percebi que a natureza sempre provê na hora certa àqueles que andam nos caminhos da retidão e da justiça.

Meu lema é: fazer aos outros, aquilo que gostaria que fizessem comigo e, em sendo assim, vivo sempre em estado de graça. De nada a minha consciência me acusa e eu preciso dessa paz de espírito para poder levar a minha vida com leveza.

Quando algo ocorre fora do script eu logo me pergunto: o que é que isto está querendo me dizer? Se me comportei mal procuro corrigir e se não entendi a mensagem, fico alerta para futuras providências. Não sei viver diferente! O respeito pelo outro é o que me impulsiona a agir assim.

Muitas vezes me questiono por achar que a vida tem sido pródiga de graças para comigo e para com a minha família, quando há tanto sofrimento lá fora para ser visto, avaliado e reparado.

Nessas horas então, eu caio em campo, arregaço as mangas e tento fazer a minha parte. E dessa forma vou seguindo a minha vida, vivendo, amando e aprendendo que todos nós fazemos parte de uma mesma corrente e que um só elo que se parta fará toda a diferença. Daí a nossa obrigação e o nosso dever de fazer sempre o bem, sem olhar a quem.

fevereiro 25, 2008

Homenagem a Luiz Augusto Crispim.




Outro dia, ao ler o Jornal Correio da Paraíba, do qual sou assinante, deparei-me com o seu artigo “Memórias Baldias”. Causou-me estupefação alguém questioná-lo por escrever sobre o passado ou “coisas velhas”, como afirmou o seu leitor.

Como pode alguém relegar as suas lembranças e expatriá-las para longe de si, quando, na verdade, somos todos colcha de retalhos que vamos juntando dia a dia, tirando-os do baú das nossas recordações e agregando-os às nossas saudades esquecidas?

Entre perplexa e estupefata, indaguei: será que o leitor teve, em sua infância, o afago de uma mão amiga a guiar-lhe pelos caminhos que constroem o que seria o museu das nossas primeiras impressões e com as quais, mais tarde, vamos edificar o templo das nossas convicções?

De minha parte, devo dizer-lhe, caro jornalista, que todos os dias, durante todos esses anos, acompanhei os seus passos e fui peregrina de todas as suas emoções em “Caminhos de Mim”. Devo dizer-lhe ainda mais: que aprendi a cultivar as minhas saudades esquecidas, trazendo-as à tona quando delas necessito para tornar os meus dias mais leves, graças à poesia, à delicadeza e ao encantamento que os seus textos me proporcionam.

Durante todo esse tempo, mantive em silêncio a admiração e o respeito, que a sua alma de poeta desperta em mim. Não mais me calo! Ergo, hoje, um brinde àquele que torna os meus dias um eterno trinar de passarinhos e alimenta a minha alma, com a mais doce de todas as canções. Ah, se todos fossem iguais a você... Que maravilha viver!

fevereiro 21, 2008

Divagações


Por que será?



Por que será que nós mulheres estamos sempre à procura ou à espera do famoso ‘conto de fadas’, eternizado na fala da atriz Julia Roberts, no filme: Uma Linda Mulher? O que nos faz pensar e escolher como prioridade em nossas vidas, numa época de relações tão descartáveis, o amor romântico como símbolo do amor perfeito?
Por que não podemos ser tão pragmáticas quanto os homens? Em que manual foi escrito que um papel secundário e de submissão, cabia às mulheres nos seus relacionamentos? Herança materna, com certeza foi um dos modelos, mas já não se aplica à nova geração dos ficantes e das amizades coloridas, que por certo ainda perduram por esses tempos de amores também virtuais.


Esboço!

Às vezes penso que sei tudo sobre o amor e enumero em minha cabeça um elenco de motivos pelos quais acho que posso justificar o meu amor por alguém. Outras vezes, teorizo tanto que na prática me perco ao tentar entender o amor que sinto. Desisti de tentar explicar e justificar o amor. Ele não é para ser entendido e sim, para ser vivido pleno e intensamente, como disse Vinícius de Moraes: e que seja eterno enquanto dure.
Só peço que deixe na alma e no coração o sabor de ter valido a pena, de querer bis e que a dor da saudade não machuque tanto, não sufoque tanto que tire o sabor do desejo, da espera e da certeza, de que viemos ao mundo para amar alguém tão especial quanto nós, que ainda sabemos, em meio a tanto desamor, olhar nos olhos do outro com cumplicidade, lealdade, ternura, carinho, tesão e dizer: eu te amo.


Balanço!

Estive fazendo um balanço das minhas vivências e verifiquei que entre perdas e ganhos, o saldo foi positivo. Entrei virgem no mercado das ilusões e o superávit da balança comercial aumentou consideravelmente a minha experiência, tornando-me uma expert em detectar emoções fraudulentas. No balcão onde expus as minhas mercadorias, não sobrou, uma! No atacado ou no varejo, foram servidos todos os meus mais nobres e puros sentimentos. Não houve um ‘quem dá mais’, uma promoção nos preços ou coisa semelhante. Mantive-me fiel aos meus princípios éticos, morais e religiosos: Doei tudo, e a uma só instituição.
Zerei o caixa e no livro de registro deixei inventariado tudo o que passei que é para não ter motivo de pensar numa volta. Dei baixa na junta comercial. Fechei a casa e entreguei as chaves. Estou livre!

fevereiro 05, 2008

Eu, nua, e o Senhor, iceberg?


Eu, mulher, construtora de sentimentos que abrigam as emoções mais genuínas, quedo-me hoje a analisar o curso da nossa história.

“Homens são de Marte, Mulheres são de Vênus”, é o título de um livro que ainda não li, mas que ouso apropriar-me das distinções que parecem evocar o título acima, para entender essa eterna discussão sobre o amor, entre os gêneros masculino e feminino.

Eu, nua, portadora da identidade, dos afetos e dos carinhos recolhidos neste meu caminhar de longa estrada, perco-me em divagações a procurar um destino certo onde ancorar.

Por que existem tantas diferenças entre os homens e as mulheres quando o assunto é o amor? Eu, mulher, assumindo a minha impressão digital, diria: sou romântica, às vezes doce e terna, às vezes tempestuosa, como um mar bravio. Posso ser múltiplas... Alegre, tagarela, alvoroçada e abrigar dentro de mim, a quietude do silêncio e a paz de uma criança dormindo. Posso até às vezes, parecer louca e um tanto rouca, de tanto falar e amar com paixão, mas assim sou eu nua, assumidamente desnuda, a extravasar e compartir as minhas emoções. Amando despudoradamente, o amor!

E você, homem de marte, que ostenta com tanto orgulho, a identidade: senhor iceberg! Quando estará pronto para se deixar consumir? Ainda insiste em que no amor, assim como na guerra, algumas estratégias se fazem necessárias? Ainda brinca, apesar da idade e da suposta maturidade, fazendo da arte da sedução, jogos de manipulação? Que pena! A sua fortaleza está em se manter frio e distante, imune aos ventos e as tempestades, que vez ou outra mudam de direção. Qualquer dia desses, o senhor acorda num lindo dia de verão, aí então, eu estarei nua... E o senhor iceberg, caminhando só e sem direção.