Reconstruindo Caminhos

Reconstruindo Caminhos
Escrevo porque chove saudades no terreno das minhas lembranças e na escrita eu deságuo as minhas urgências, curo velhas feridas e engano o relógio das horas trazendo o passado para brincar de aqui e agora... Costumo dizer que no calçadão da minha memória há sempre uma saudade de prontidão à espreita de que a linguagem da emoção faça barulho dentro de mim e que, nessa hora, o sal das minhas lágrimas aumente o brilho do meu olhar e uma inquietação ponha em desalinho o baú de onde emergem as minhas lembranças, para que eu possa, finalmente, render-me à folha de papel em branco...

maio 24, 2008

Quem eu Sou?




A quem interessar possa eu quero dizer que não tenho pretensões literárias. Escrevo para exorcizar velhos amores e curar antigas feridas. As palavras me vêm como beija-flores: pousam e vão embora. Percorro todo o alfabeto velozmente, brincando com as palavras, tentando dar-lhes sentido para ver se alguma coisa aqui dentro - do coração - faz eco.
E entre uma frase e outra eu, às vezes, tropeço nas palavras dando-lhes um peso e uma importância que já não têm mais.

Quem eu sou, pergunto-me? Sou a soma das palavras que se juntam para falarem de amor. Tenho-as no céu da boca adoçadas pelo mel que escorrem dos amores finitos.

Ainda não consegui o meu alvará de soltura em matéria de amor. Falta-me atrevimento, ousadia para tentar um novo caminho que me liberte da zona de conforto onde eu me refugiei. Em meu sítio de memórias ainda guardo velhas lembranças que se deixam corroer pelas traças, mas não abrem mão do passado e seu cheiro de naftalina. Tento provocar avarias desconstruindo personagens mitificadas, mas o amor não quer tirar férias em meu coração. Então eu vou seguindo à trilha deixando que os meus passos contem, passo a passo, quem eu sou.

maio 22, 2008

Meus três Amores





As folhas secas do outono me fazem lembrar os baús esquecidos nos porões, guardiões de saudades esquecidas, que vez ou outra ressurgem com cheiro de naftalina. É o inverno que se avizinha trazendo o vento frio que açoita a minha alma, com lembranças já gastas de um passado ainda tão recente.

Foram três os amores que eu tive.
Três amores, três visitas: Uma esperança, uma presença e uma lembrança.
A primeira me surgiu em cima de um cavalo baio, tocou levemente em meu corpo e arrebatou a minha alma. Deixou-me trinta moedas de ouro.
A segunda me chegou de mansinho, como quem nada queria, me encontrou desarvorada e me deu o seu carinho. Foi no verão, um tempo de calor e emoção. Um beijo tímido e hesitante foi o presente e marcou a fecundação. Deixou-me três vidas.
A terceira trouxe o beijo molhado de chuva, a rosa vermelha ainda em botão, o amor cantado em versos e prosa para alegrar o meu coração. Era a primavera e a vida se fez alegria, estava no ar o amor com gosto de poesia. Deixou-me um poema e uma canção, e a certeza do seu amor em meu coração.

Foram três os amores que eu tive. Três amores, três visitas.
E foi assim que o amor se fez silêncio, nos braços do sonho que o acalentava.

maio 07, 2008

Sob o signo da liberdade





Andaram me procurando, não encontraram. Recolhi-me.
E agora, sob o signo da liberdade, eu estou perambulando pelas ruas esquecidas de mim. Já não tenho necessidade das grades da alma. A chuva arrastou tudo o que encontrou pela frente e deixou desabrigado o meu coração. E por estar assim, exposto às intempéries, ele apressou o passo e foi ao encontro de uma nova vida... Um lugar seguro onde pôde abrigar-se dos rigores do inverno, enquanto a primavera com o seu verde esperança, não tardou a lhe trazer o sol que a tudo iluminou e fez florescer.

Durante o tempo em que a chuva se fez presente com os seus raios e trovoadas, não pude perceber toda a beleza do arco-íris que vem depois. Mas, um pequeno raio de sol em toda a sua exuberância de luz fez surgir, da cadeia que aprisionou a minha alma por tanto tempo, a Fênix que habita em mim... Então, eu ressurgi, mas não das cinzas e sim, de um belo dia de chuva que lavou a minha alma e deixou livre o meu coração.