Reconstruindo Caminhos

Reconstruindo Caminhos
Escrevo porque chove saudades no terreno das minhas lembranças e na escrita eu deságuo as minhas urgências, curo velhas feridas e engano o relógio das horas trazendo o passado para brincar de aqui e agora... Costumo dizer que no calçadão da minha memória há sempre uma saudade de prontidão à espreita de que a linguagem da emoção faça barulho dentro de mim e que, nessa hora, o sal das minhas lágrimas aumente o brilho do meu olhar e uma inquietação ponha em desalinho o baú de onde emergem as minhas lembranças, para que eu possa, finalmente, render-me à folha de papel em branco...

julho 13, 2008

Tempo, Palavras-promessa e Ventos







Em ritmo de bolero as palavras dançam no céu da minha boca... Duas pra lá duas pra cá.
Quero falar de amor...

De soslaio, olho para o alfabeto - que desfila em seu traje de gala extasiando-se no perfume embriagador das promessas verbais - e penso: até quando, brincar com as palavras me será útil para entender os sentimentos confusos que passeiam dentro de mim, desarmando frases e perdoando discursos, num exercício de contradição tão evidente, que nenhum alfabeto será capaz de me conceder o 'habeas corpus'.

Consulto o tempo e ele diz: você ainda é uma garota sonhadora que se debruça sobre a linguagem para recolher instantes de amor. Volto, então, às letras e pergunto-lhes sobre a importância das palavras. Elas respondem: tempo, palavras-promessa e ventos são os três mosqueteiros que destroem o código do amor.

Não satisfeita eu retorno ao salão - o céu da minha boca – aproveito o ritmo contagiante do frevo e dissolvo em segundos a sopa de letras que expõe a minha fragilidade e a minha dor... Justifico-me dizendo: são brincadeiras do dicionário num encontro com o alfabeto do desamor. E minto. (...).

Palavras-promessa espalham-se aos ventos e eu sigo brincando, ora outorgando-lhes poderes incontestáveis ora trapaceando mentiras de amor.