Reconstruindo Caminhos

Reconstruindo Caminhos
Escrevo porque chove saudades no terreno das minhas lembranças e na escrita eu deságuo as minhas urgências, curo velhas feridas e engano o relógio das horas trazendo o passado para brincar de aqui e agora... Costumo dizer que no calçadão da minha memória há sempre uma saudade de prontidão à espreita de que a linguagem da emoção faça barulho dentro de mim e que, nessa hora, o sal das minhas lágrimas aumente o brilho do meu olhar e uma inquietação ponha em desalinho o baú de onde emergem as minhas lembranças, para que eu possa, finalmente, render-me à folha de papel em branco...

outubro 19, 2008

Brincar com as Palavras



Brincar com as palavras me permitiu exercer a face oculta dos meus sentimentos inconfessáveis. Dei-lhes um nome: saudades, e a partir daí, pus em prática a atividade lúdica de manusear as letras do alfabeto do amor. Peguei-as, e com elas, criei as minhas contradições. Ora, somava-lhe um sinal – uma pausa – e lá estava o meu amor latente, entre vírgulas, disfarçado; ora, ele assumia a sua intrepidez e dava abrigo aos meus desejos mais secretos.

Hoje, em vôo livre sobre as asas dos ventos, estou em busca da minha liberdade perdida. Vou recolher as palavras soltas pelo ar, para tentar resgatar o quanto de mim que ficou perdido neste espaço feito da poeira dos meus sonhos. Palavras mágicas, doces e caramelizadas, produtos de uma safra, doados, e sempre em provisão: amor, carinho, ternura e paixão, não encontram mais ressonância. (...).

Estava em busca de um passaporte que me libertasse desses sentimentos, por isso, escancarei a saudade até o amor esgotar-se.