Reconstruindo Caminhos

Reconstruindo Caminhos
Escrevo porque chove saudades no terreno das minhas lembranças e na escrita eu deságuo as minhas urgências, curo velhas feridas e engano o relógio das horas trazendo o passado para brincar de aqui e agora... Costumo dizer que no calçadão da minha memória há sempre uma saudade de prontidão à espreita de que a linguagem da emoção faça barulho dentro de mim e que, nessa hora, o sal das minhas lágrimas aumente o brilho do meu olhar e uma inquietação ponha em desalinho o baú de onde emergem as minhas lembranças, para que eu possa, finalmente, render-me à folha de papel em branco...

dezembro 28, 2009

O Mito da Felicidade







A fábrica das nossas ilusões, quando éramos crianças, nos credenciava a dar largas à imaginação e lá, vestíamos a fantasia dos nossos sonhos. Bons tempos aquele, que nos permitia o ingresso em um mundo cor-de-rosa... Desde então, enveredamos pelas ruas das quimeras e nos quedamos a sonhar, sonhar e sonhar.

Que mundo utópico foi esse que construímos? E para onde vamos nesse momento de desconstrução?

-Ah! O nosso universo de utopias teve o seu nascedouro nas histórias infantis. Lá, onde as reticências imperavam e o “se” governava soberano, criamos um reinado de possibilidades e fomos, aos poucos, eternizando ilusões. Dessa época herdamos características que nos acompanham até hoje: a inocência, a boa fé e o desejo de ser feliz para sempre.

Pobres meninas sonhadoras! Criamos o mito do príncipe encantado e lhe entregamos a direção de nossas vidas, com a exigência de que ele nos fizesse felizes para sempre. Mas, ao despertar, encontramos um mundo real em preto e branco, para administrar e fomos obrigadas a nos despedir dos nossos devaneios.

Pobres meninos sonhadores! Perdidos, também, em seu mundo faz-de-conta, assumiram poderes que não lhes competia. E, agora, reféns de um compromisso que lhes confere status de super-homens, perdem-se na curva do tempo e atabalhoados não sabem como lidar com a incompetência de gerenciar sonhos, numa sociedade tão moderna...

Recomeçar talvez seja a palavra desse momento em que nos apercebemos apenas mulheres e homens humanizados. Deixar para trás velhos sonhos e abrir-nos para o novo. Nem príncipe nem princesa, nem super-homem nem Cinderela. Desconstruir imagens, mitos e perder poderes em nome de uma felicidade possível, onde não haja vencidos nem vencedores, talvez seja o caminho que nos conduza a um novo modelo de realidade: homens e mulheres companheiros inseparáveis em busca de autoconhecimento. Quando, enfim, isto acontecer, a nossa fábrica de ilusões terá as suas portas cerradas e nós estaremos livres dos sonhos que nos distanciam da realidade.

dezembro 05, 2009

A Luta pela Cidadania Feminina






Muito se comenta sobre o avanço que a mulher tem conseguido, na luta pela sua emancipação, em nossa sociedade. Acompanhando a história, vemos que antigamente o seu papel ficava restrito às funções domésticas e a obediência ao marido. Hoje, em pleno século XXI, celebramos grandes conquistas que beneficiam não só a nossa vida, como também, a da humanidade.

Ao enveredarmos pelos séculos passados, vamos seguir a trajetória dessa personagem feminina, que durante muito tempo foi vista por uma sociedade patriarcal, apenas como um instrumento reprodutor e propriedade do marido. Na luta para adquirir o direito de instruir-se, votar, participar ativamente da vida socioeconômica e de ocupar postos governamentais, temos como referência pessoas como: Nísia Floresta, Bertha Lutz, Betty Friedan, Simone de Beauvoir, dentre outras, cujas ideias foram decisivas para fortalecer a luta pela cidadania da mulher.

Ao lembrarmos o fatídico oito de março de 1857, em Nova York – "quando 129 operárias morreram queimadas por que ousaram reivindicar a redução da jornada de trabalho e o direito à licença-maternidade" - devemos celebrar tantas vitórias quantas sejam necessárias para que, hoje, possamos dizer com orgulho: sim, nós podemos!

Podemos, neste século XXI, continuar a luta – iniciada por essas mulheres – por uma sociedade mais justa, onde direitos e deveres se equivalham no que diz respeito à igualdade salarial, ao acesso a cargos públicos, a uma maior participação na vida política do nosso país e, principalmente, na questão do constrangimento físico ou moral. Que a Lei Maria da Penha, um marco na luta contra a violência doméstica – nesta década - seja uma conquista que possibilite a abertura de novos horizontes na tão sonhada equiparação entre os direitos do sexo masculino e feminino, pois só dessa forma, caminharemos lado a lado, com respeito e admiração, não mais homens nem mulheres e sim, cidadãos.

Sendo assim, a emancipação feminina, fruto de uma longa caminhada no curso da história e uma luta permanente em busca da igualdade, será uma celebração que virá para atender a uma justiça social que se faz premente, uma vez que, como cidadã, nós contribuímos para o progresso socioeconômico e político da nação.