Reconstruindo Caminhos

Reconstruindo Caminhos
Escrevo porque chove saudades no terreno das minhas lembranças e na escrita eu deságuo as minhas urgências, curo velhas feridas e engano o relógio das horas trazendo o passado para brincar de aqui e agora... Costumo dizer que no calçadão da minha memória há sempre uma saudade de prontidão à espreita de que a linguagem da emoção faça barulho dentro de mim e que, nessa hora, o sal das minhas lágrimas aumente o brilho do meu olhar e uma inquietação ponha em desalinho o baú de onde emergem as minhas lembranças, para que eu possa, finalmente, render-me à folha de papel em branco...

fevereiro 01, 2010

Resposta ao Tempo







Não conto a minha idade pela passagem dos anos numa linguagem matemática, onde um mais um é igual a dois. Ela é a soma perfeita da alegria, do assombro e do encantamento que esbarram em mim, a todo instante, quando dobro as esquinas da vida.

Não tenho medo das rugas nem da flacidez da pele, tampouco do luar de prata que se espalha sobre os meus cabelos. Tenho medo é de deixar de viver, de não espreitar o que se passa lá fora e de não aquecer o que guardo aqui dentro: meus sonhos!

Foram tantas as mudanças e tão grandes as transformações por mim presenciadas, nesses anos passados, que ouso perguntar ao tempo se “ele se rói com inveja de mim porque sabe passar e eu não sei.” Continuo a sonhar os meus sonhos de menina... Ele – o tempo – só conta do lado de fora.

Por isso, se ainda me destinam um lugar nesse trem que eu chamo de vida, deixem-me entrar no vagão da frente, porque a criança que adormece em mim, ainda está dando os seus primeiros passos e não pretendo acordá-la para contar números. Além do mais, fazer aniversário é apenas um compromisso com a possibilidade de fazer a vida diferente e ser feliz todos os dias, não importa a idade.

12 comentários:

lis disse...

Visitando os blogs homenageados pelo Entremares passei pra co necer o "Reconstruindo... " e estou encantada com os textos que li.Mais uma cronista que vou virar fã.
Também acho que o tempo só conta por fora, aqui dentro do peito bate aquele coração de todas as idades , a menina, adolescente , jovem e mulher , mais tarde quem sabe a a anciã rs tudo tao vivo ainda pulsando a vida.
Lindo texto, cheio de poesia.
Abraços

Libel disse...

Olá Julieta, como escreves bem, tão certinha e luminosa essa tua visão sobre a idade. Os anos não são para contar, mas sim para viver. Todos os ciclos são importantes, todas a rugas, cicatrizes, sorrisos e expressões fazem parte de nossas experiências.

Deixo um presente para ti...

"Os dias deslizam, dançam, voam!
A cada dia, mais um pedacinho no mosaico de nossas existências...
mais pinceladas coloridas na louca tela da vida... mais movimentos espirais, cíclicos, musicais...
mais alguns fios entrelaçados, linhas cruzadas, tramas desfiadas... mais algumas manchas, mais marcas, mais matizes... outras cicatrizes, dores e cores... novas esperanças, sonhos e amores!!"

O tempo somos nós que pintamos e colorimos, para que os anos se reflitam sempre belos e vividos.

Beijokas

byTONHO disse...



Vim JULIETA e gostei!

Voltarei mais vezes
com meu ♥ de menino!

Beij♥s!

Manu disse...

Olá Julieta

Fiquei aqui imenso tempo a deliciar-me com as suas palavras e sabe á conclusão que cheguei?! Revi-me por inteiro neste texto... o que sentimos quando os anos passam, a sabedoria que adquirimos, e aquele jeitinho da nossa alma de criança.
Inventem-se aniversários, mas não se invente o tempo, esse será sempre o momento que queremos viver como se tivéssemos nascido agora.

Beijo enorme
Manu

Libel disse...

Passei...sentiu o ventinho??...estava voando por aqui e resolvi dar uma paradinha para deixar um abraçinho.

Estica mais um pouco os teus...isso...quando existe vontade a elasticidade faz milagres...viu como é gostoso...

Beijokas

Solange Maia disse...

Juliêta,

O tempo é mesmo medido por nossos sorrisos e os inevitáveis intervalos entre eles... deixe a dureza dos números prá quem acredita nela...

Lindas as suas vírgulas, a pausa do seu pensar... nossa tudo aqui me encantou... saio vitaminada para viver meu sábado... e, volto !

beijo grande,

Solange

chica disse...

Que lindo texto esse!Estava precisando algo assim agora...beijos, tudo de bom,chica

lis disse...

OI Julieta
Passando pra deixar um abraço .
Volte rápido ,tá?

Dani Almeida disse...

Afe, que texto lindo!
Também me encheu de orgulho, não como filha, mas como fã da poesia de suas linhas.
Arrasou!

chica disse...

Que essa criança que mora em ti, não desapareça nunca e te acompanhe por todos os vagões dos trens da vida!Lindo!beijos,chica

Carla S.M. disse...

Juliêta: como sempre, palavras sábias dentro deste caos virtual em que navego!
Bjs!!!

Solange Maia disse...

Ler mais uma vez esse belo texto foi ainda melhor... outro ângulo, outras possibilidades, mas saio sempre fartada dessa sua prosa....

obrigada amiga.

beijocas