Reconstruindo Caminhos

Reconstruindo Caminhos
Escrevo porque chove saudades no terreno das minhas lembranças e na escrita eu deságuo as minhas urgências, curo velhas feridas e engano o relógio das horas trazendo o passado para brincar de aqui e agora... Costumo dizer que no calçadão da minha memória há sempre uma saudade de prontidão à espreita de que a linguagem da emoção faça barulho dentro de mim e que, nessa hora, o sal das minhas lágrimas aumente o brilho do meu olhar e uma inquietação ponha em desalinho o baú de onde emergem as minhas lembranças, para que eu possa, finalmente, render-me à folha de papel em branco...

julho 03, 2010

Que país é esse, meu Deus!?





Não entendo de política tampouco de futebol. Talvez venha daí, desse desconhecimento, a ousadia do comentário: o Brasil está de chuteiras, enquanto os seus filhos chafurdam, literalmente, os pés na lama...
Não entendo, mas confesso que gostaria de entender. Como é possível uma nação, onde há tanta carência de investimentos em saúde, educação e moradia; onde há desvio de verbas públicas; uma política que beira o ridículo, com alguns dos seus representantes pegos com dinheiro em meias e cuecas, e outros fazendo manobras com o tempo verbal, para pôr em dúvida a lei da ficha limpa dos candidatos que pretendem representar, apesar de tudo, os nossos anseios nas eleições vindouras. Repito, gostaria de entender o porquê de ficarmos indiferentes, alienados, colocando a emoção ou o coração no lugar da razão.

Ah, como seria bom ver toda essa flama, essa energia e esse entusiasmo a serviço do bem-estar coletivo, num esforço conjunto para mudar os rumos da nossa pátria. Tanta desigualdade social, tanta miséria provocada pela má gestão do dinheiro público, e nós - os brasileiros - ali, atrás de onze homens e uma bola, seguimos firmes, fortes e animados – sem está nem aí – ostentando o orgulho nacional, no peito e na raça, por causa de uma “Jabulani”, quando há segredos a desvendar nos porões, por onde campeia a desonestidade e escoam as nossas riquezas.

“O Brasil não é um país sério.” - Frase atribuída ao general Charles de Gaulle, e assumida pelo embaixador Carlos Alves de Souza Filho, tempos depois, em um livro de memórias, - nunca fez tanto sentido quanto agora, pois, enquanto o país fecha as suas portas: repartições, bancos, comércio, indústria e escolas, para que o espetáculo do futebol tenha audiência e dê frutos a quem interessa; os nordestinos, estupefatos, veem as suas vidas serem arrastadas, literalmente, por um mar de lama, sem que haja um movimento efetivo – com a mesma dose de entusiasmo e patriotismo - tanto dos políticos quanto do povo em geral, para que catástrofes dessa natureza não mais ocorram.


Em nenhum momento da nossa história – à exceção das Diretas Já – vimos os brasileiros tão empenhados em mudar, de fato, os rumos da nação... Ninguém veste as cores da bandeira com tanto empenho e orgulho – como faz em época de Copa do Mundo - para defender o Brasil dos seus políticos corruptos que, eleição após eleição, deixa-o mais pobre e envergonhado.


Que país é esse, meu Deus!?