Reconstruindo Caminhos

Reconstruindo Caminhos
Escrevo porque chove saudades no terreno das minhas lembranças e na escrita eu deságuo as minhas urgências, curo velhas feridas e engano o relógio das horas trazendo o passado para brincar de aqui e agora... Costumo dizer que no calçadão da minha memória há sempre uma saudade de prontidão à espreita de que a linguagem da emoção faça barulho dentro de mim e que, nessa hora, o sal das minhas lágrimas aumente o brilho do meu olhar e uma inquietação ponha em desalinho o baú de onde emergem as minhas lembranças, para que eu possa, finalmente, render-me à folha de papel em branco...

dezembro 05, 2010

Meu Primeiro Autógrafo







Minha filha, quando você teve a ideia de transformar o blog Reconstruindo Caminhos, editando-o como livro, para junto aos seus irmãos, presentear-me no meu aniversário, fui surpreendida pela sua capacidade de reinventar-se. Explico: é que nós, mães, temos a pretensão de achar que os nossos filhos são uma extensão dos nossos pensamentos e, em sendo assim, somos possuídos pela certeza de conhecê-los, tão profundamente, que nada de novo nos escapa... Ledo engano!

Você me surpreendeu, mais uma vez!

Um caminho feito de velas, um buquê de flores sobre a mesa, uma caneta e sessenta livros era a confirmação de que aquele dia 29 de abril, que se apresentava atípico, não fora esquecido, pois até aquele momento nenhum presente ou movimento indicava a lembrança de que aquela era uma data especial: o meu aniversário! Mas, ali estava a prova do carinho, da dedicação e do amor desmesurado: um blog transformado em livros!

Passada a surpresa e a emoção veio a pergunta inevitável: - o que eu farei com esses livros? Sim, porque no prefácio há um derramamento de palavras que, na realidade, só é justificado pelo amor filial! E, em conseqüência disso, pensei: como lidar com as críticas advindas de tamanha pretensão?! Como receber um título que não me cabe?

E, se de repente, alguém me cobra o primeiro autógrafo, o que direi: autografar, eu?

Não sou escritora, pois me faltam o conhecimento, as leituras e a tessitura das palavras. Sou apenas uma escrevinhadora das minhas emoções: quando contemplo o mar, as noites enluaradas, os dias de chuva, as flores, os verdes campos e, principalmente, à noite; minha filha, quando me debruço sobre a sua cama para velar o seu sono.

- A quem dedicarei as minhas letras, esse alfabeto de amor que eu construí brincando com palavras que cheiram a naftalina?

Hoje, pensando nisso, lembrei que é o dia do seu aniversário! O primeiro que passa longe dos meus braços e do carinho da sua família. Ao acordar, num país distante, não há um café da manhã regado com carinho, não há bolo, velas, almoço especial, tampouco um efusivo “Feliz Aniversário,” comemorado por todo o dia, numa extensão da nossa alegria por você fazer parte das nossas vidas, durante esses trinta anos.

Pois bem, é para você que eu dedico, hoje, o meu primeiro autógrafo: a assinatura de um amor desmesurado, cheio de gratidão e carimbado com o selo da eternidade. É para você, Juliana, que vão todos os meus pensamentos de amor, de fé, de alegria e de admiração.

Se eu estivesse ao seu lado, agora, faria uma passarela de pétalas de rosas para tornar o seu caminhar mais suave e diria: o mundo seria melhor, se todos fossem iguais a você!

Gostaria de ser uma escritora, mas não sou! Falta-me, também, a intimidade com as palavras... Porém, nas minhas letras com cheiro de naftalina o alfabeto do amor será sempre seu, pois você foi, sem dúvida, o melhor livro que eu escrevi... Amando!

Feliz aniversário, minha filha!