Reconstruindo Caminhos

Reconstruindo Caminhos
Escrevo porque chove saudades no terreno das minhas lembranças e na escrita eu deságuo as minhas urgências, curo velhas feridas e engano o relógio das horas trazendo o passado para brincar de aqui e agora... Costumo dizer que no calçadão da minha memória há sempre uma saudade de prontidão à espreita de que a linguagem da emoção faça barulho dentro de mim e que, nessa hora, o sal das minhas lágrimas aumente o brilho do meu olhar e uma inquietação ponha em desalinho o baú de onde emergem as minhas lembranças, para que eu possa, finalmente, render-me à folha de papel em branco...

maio 12, 2012

O Medo e a Vontade




Flavia, do blog "sabe de uma coisa?" escreveu: "(...) ainda não aprendi a manejar com destreza nem os sentimentos, essas pulsões ininteligíveis, nem a palavra, essa lâmina expurgadora (...) E não é que seja essa a minha vontade - essa é a vontade  do meu medo, da minha inexperiência em domá-las”. Por outro lado, o escritor Paulo Coelho nos diz: - “as palavras são a vida colocada no papel”.

Como ficamos então se o nosso medo é maior do que a nossa fome de palavras e elas são a vida descrita no papel?

- Ainda não sei, estou tentando descobrir. Porém, acredito que a vida de verdade é escrita no silêncio, pois o medo que nos leva a domesticar os signos é fruto, talvez, da total incapacidade das pessoas em traduzi-los e, por isso, nos fechamos nessa ausência de ruído.

O escritor Leo Buscaglia nos diz que há muitos tipos de símbolos. A linguagem oral – ou escrita - é apenas um deles. Diz, também, que as coisas mais lindas poderiam acontecer se nos calássemos.

Meditando sobre isso, nesse dia chuvoso, propício a lembranças e saudades, eu me pergunto:- por que será que quando calo a minha fome de palavras, tudo que me resta é a tua ausência e o teu silêncio? Será que a vida te dói tanto na alma, que preferes escondê-la das pautas do teu caderno domesticando os símbolos para não expor a tua nudez? Se tudo isso é verdade tenho que lamentar, porque como disse Leo, em seu livro, “Vivendo, Amando e Aprendendo”: “basta uma coisa muito, muito pequena para nos unir e, no entanto, estamos todos tão juntos, mas morremos de solidão”.
  
Lembro-me, agora,  da vontade e do medo de Flavia e desisto de buscar o entendimento. Opto por traduzir os sinais das páginas do meu silêncio, libertá-los e confessar sem receio: eis a minha vida e a minha alma expostas no papel. Sou eu em carne viva! Sou eu, ainda... Tua!




3 comentários:

chica disse...

LINDO!!Nem sempre conseguimos saber dos nossos questionamentos e buscas. Então , é melhor apenas viver...E tudo na vida acontece... beijos,lindo fds!chica

lis disse...

Ju
Escrever é um ato político, talvez por isso temos muitas vezes medo de escrever e tantas outras vezes ficamos mesmo sem palavras.
Percebo que se nao escrevemos o tempo vai ficando mais curto pra dizer tudo que queremos e aí dá medo do silêncio a que nos propomos.
Tenho escrito muito por aqui rs talvez esteja com fome de palavras que nem ti Juliêta, mas tenho bloqueios incríveis pra lançar isso em textos como fazes tão bem rs
o máximo que me permito é abusar das palavras nos comentários dos amigos rs
E engolir as palavras é tudo que tenho feito amiga rs
Adoro sua escrita tão coincidente com a alma feminina que ama palavrear rs
beijinhos e
Feliz dia das Mães.
desfrute o dia com seus filhotes .
Deixe-se levar.
Assim ... em carne viva mesmo! sendo quem tu és - linda e generosa!

Ayanne Sobral disse...

Juliêta, minha querida!
Que honra ver palavrinhas minhas aqui. Que feliz que eu fico. Você não tem noção.

Engraçado, mas há pouco, no twitter, eu dizia dessa verborragia, desse desejo meu de deixar o coração em segredo, e ele só se mostrar. Eu dizia que gostaria de entender, encontrar respostas, mas limitava-me a ficar observando minhas palavras balançarem-se entusiasmadas e fingirem-se de borboletas, porque sim elas criam asas e, ingênuas, alçam voos cegos.

As tuas palavras, Juliêta, me convidam a voar. Me mostram um céu lindo. Livre.

Obrigada.
Obrigada por me ler.
Obrigada por escrever.

Admiro muito você, mesmo.

Beijos.