Reconstruindo Caminhos

Reconstruindo Caminhos
Escrevo porque chove saudades no terreno das minhas lembranças e na escrita eu deságuo as minhas urgências, curo velhas feridas e engano o relógio das horas trazendo o passado para brincar de aqui e agora... Costumo dizer que no calçadão da minha memória há sempre uma saudade de prontidão à espreita de que a linguagem da emoção faça barulho dentro de mim e que, nessa hora, o sal das minhas lágrimas aumente o brilho do meu olhar e uma inquietação ponha em desalinho o baú de onde emergem as minhas lembranças, para que eu possa, finalmente, render-me à folha de papel em branco...

maio 20, 2012

Atitude





Há algum tempo, o professor de redação pediu-me para dissertar sobre um tema qualquer e, naquele dia, nada parecia mais pertinente, pois eu sangrava por dentro.  Então, escrevi: - eu rasgo o verbo com o meu amor, abro um sulco nas minhas feridas e exponho as minhas cicatrizes, mas tomo uma atitude. Nascia ali, nas páginas da minha dor, a escrita mais sincera que alguém ousou colocar nas pautas de um caderno.

Sem preâmbulos, fui logo dizendo que em mim as palavras não adormecem, elas ganham asas e saem rumo ao seu destino. E, naquela hora, a direção era você. Cobrava-lhe uma atitude! Sim ou não era a resposta ansiada. Talvez, amanhã ou depois seriam frutos de sua indecisão... Não me interessavam.

Pedi-lhe um posicionamento, você respondeu-me com o seu silêncio e, mais uma vez, na ausência das suas palavras perdeu-se o encantamento do meu sentir: acabou-se o amor, diluiu-se o desejo e a minha admiração.

Já não lembro mais o seu rosto, esqueci a sua voz, o som dos seus passos e o perfume do seu corpo. Você não se encaixa mais nas minhas lembranças e, hoje, o passado só me serve para fazer poesia e brincar com as palavras.

Por isso, coloquei nos dedos a sua hesitação e com ela escrevi o tema. Tomei uma atitude e esqueci você!