Há algum
tempo, o professor de redação pediu-me para dissertar sobre um tema qualquer e,
naquele dia, nada parecia mais pertinente, pois eu sangrava por dentro. Então, escrevi: - eu rasgo o verbo com o meu
amor, abro um sulco nas minhas feridas e exponho as minhas cicatrizes, mas tomo
uma atitude. Nascia ali, nas páginas da minha dor, a escrita mais sincera que
alguém ousou colocar nas pautas de um caderno.
Sem
preâmbulos, fui logo dizendo que em mim as palavras não adormecem, elas ganham
asas e saem rumo ao seu destino. E, naquela hora, a direção era você.
Cobrava-lhe uma atitude! Sim ou não era a resposta ansiada. Talvez, amanhã ou
depois seriam frutos de sua indecisão... Não me interessavam.
Pedi-lhe um
posicionamento, você respondeu-me com o seu silêncio e, mais uma vez, na ausência das suas palavras perdeu-se o encantamento do meu
sentir: acabou-se o amor, diluiu-se o desejo e a minha admiração.
Já não lembro mais o seu rosto, esqueci
a sua voz, o som dos seus passos e o perfume do seu corpo. Você não se encaixa
mais nas minhas lembranças e, hoje, o passado só me serve para fazer poesia e
brincar com as palavras.
Por isso, coloquei nos dedos a sua
hesitação e com ela escrevi o tema. Tomei uma atitude e esqueci você!