Reconstruindo Caminhos

Reconstruindo Caminhos
Escrevo porque chove saudades no terreno das minhas lembranças e na escrita eu deságuo as minhas urgências, curo velhas feridas e engano o relógio das horas trazendo o passado para brincar de aqui e agora... Costumo dizer que no calçadão da minha memória há sempre uma saudade de prontidão à espreita de que a linguagem da emoção faça barulho dentro de mim e que, nessa hora, o sal das minhas lágrimas aumente o brilho do meu olhar e uma inquietação ponha em desalinho o baú de onde emergem as minhas lembranças, para que eu possa, finalmente, render-me à folha de papel em branco...

maio 29, 2013

Vendedora de Palavras





Em um momento de abstração, desalinho as palavras que surgem em meu pensamento e dou asas à imaginação... Em seguida, recolho as letras, ponho-as em um cesto e anuncio:

- Vendo palavras! Quem quer comprar?

Não as tenho em quantidade, mas lhes asseguro de que todas que aqui se encontram, representam a vida em sua simplicidade.

Vendo palavras! Quem quer comprar?

Não procure por aquelas que apenas arranham a superfície das coisas. Pesquise. Vá mais fundo! Se permita sentir e encontrará um mundo de palavras ansiosas por um abraço. Escolha as que lhe trazem paz e felicidade, pois não existe nada mais falso do que um dicionário, desfilando no céu da nossa boca, obrigando-nos a postergar sonhos em nome de convenções sociais...

Vendo palavras! Quem quer comprar?

As minhas letras são bem nascidas. Elas provêm de uma ultrassonografia que eu fiz da minha alma e as escolhi porque, ao longo do tempo, percebi o quão libertador é viver daquelas que realmente importam. Tenho-as nas pontas dos dedos. Todas ávidas por aquecer o seu coração: amor, amor e amor. O som mais bonito, síntese de uma vida bem vivida.

Vendo palavras! Quem quer comprar?

No sentido avesso, sou uma mercenária das letras. Trabalho para que elas toquem, emocionem e provoquem mudanças. Não as quero superficiais, vendendo ilusões, tampouco derrotistas, espantando a esperança. Quero-as, de fé! Em pé, estendendo a mão. Quero passear pelas frases com o meu traje de felicidade... Dispenso modismo! Sou atemporal! Desejo, apenas, que você assuma a responsabilidade sobre as suas escolhas e, que, letra por letra, as suas palavras ajudem a tecer o seu destino para que, assim, você possa concluir o bordado da sua existência. E, nela, que o seu endereço seja a felicidade.

Não almejo os louros da academia. Não sou movida a vaidades e sei bem das minhas limitações linguísticas, mas tenho esperança de que o uso das palavras me leve a convencer o maior número de pessoas de que o amor é a razão da vida... Amor, fonte de mistério e de paz. Única palavra capaz de salvar o mundo e a nós mesmos.

Vendo amor! Quem quer comprar?