Reconstruindo Caminhos

Reconstruindo Caminhos
Escrevo porque chove saudades no terreno das minhas lembranças e na escrita eu deságuo as minhas urgências, curo velhas feridas e engano o relógio das horas trazendo o passado para brincar de aqui e agora... Costumo dizer que no calçadão da minha memória há sempre uma saudade de prontidão à espreita de que a linguagem da emoção faça barulho dentro de mim e que, nessa hora, o sal das minhas lágrimas aumente o brilho do meu olhar e uma inquietação ponha em desalinho o baú de onde emergem as minhas lembranças, para que eu possa, finalmente, render-me à folha de papel em branco...

julho 24, 2013

Chicote Verbal



A massificação do pensamento, geralmente, empobrece a alma... Vivemos em uma sociedade onde as pessoas perderam o costume de pensar por si próprias e as que se atrevem a fazê-lo são execradas em público. Liberdade virou figura de retórica. Defendemo-la com as nossas palavras, porém abominamos com as nossas ações.

Outro dia, li uma reportagem sobre Betty Faria. Nela, a atriz foi criticada, de maneira descortês, por usar biquíni aos 72 anos de idade... Cercearam-lhe o direito de usar, alegando que ela não se enquadrava nos padrões normais, ou seja, padrão mulher fruta: zero celulite, zero flacidez e muito silicone... Bem ao gosto do imaginário brasileiro. Fiquei estarrecida com a quantidade de opiniões maldosas e preconceituosas. Então, pensei: em que mundo real estamos vivendo? Há tanta liberdade lá fora e, aqui dentro, vivemos nas masmorras dos pensamentos da idade média.

Por que nos incomoda tanto o fato de alguém usar biquíni aos setenta e dois anos de idade, ou optar por fugir às regras e às convenções? Por que damos tanta importância ao fato do outro usar a sua liberdade como bem lhe convir? O que acrescenta a nossa vida, a vida e o jeito de viver do outro? Nada, absolutamente nada!

Entretanto, vivemos como se fôssemos os donos da verdade. Aplaudimos aos que nos seguem como bandos e usamos o chicote verbal para criticar aos que ousam ser diferentes e assumem os seus quereres.

Acompanhamos, ao longo dos anos, a um avanço significativo no mundo das ideias. Todos nos orgulhamos das conquistas adquiridas, no entanto, quando partimos para a prática, agimos como pessoas presas a conceitos inúteis e descabidos. Perdemos o tempo em meio a fofocas e a discussões estéreis. Falta do que fazer!

Penso que a polêmica sobre Betty Faria é apenas a ponta do iceberg, pois o que se esconde por trás disso tudo é um sentimento de inadequação, por parte de quem nos critica... Ser feliz dá trabalho, requer coragem e ousadia! Muitas vezes, por trás desse sentimento de rejeição, pela atitude do outro, está uma vida profundamente infeliz, cheia de sonhos postergados por medo, solidão e incompetência. Só os repetentes de uma vida medíocre agem assim, pois como já disse: ser feliz dá trabalho... Requer uma mente aberta, um temperamento generoso, um coração voltado para o bem e, principalmente, um desejo de fazer ao outro aquilo que se deseja para si.

Na verdade, muitos dos que nos criticam desejam estar em nosso lugar. São pessoas infelizes com os seus espelhos e com as suas vidas marcadas por ausências. A essas pessoas só interessam o seu chicote verbal, a sua língua ferina a destilar veneno. São as sanguessugas da vida alheia. Alimentam-se da felicidade dos outros por que vivem em estado de inanição permanente. Não percebem que, como já disse alguém: ”A vida é um banquete e a maior parte dos idiotas está morrendo de fome”.

Quem sabe, um dia, elas recolham o seu chicote verbal e tenham a coragem de ir à praia com o seu “biquíni de bolinha amarelinha, tão pequenininho...” E, sejam felizes!

4 comentários:

Dani Almeida disse...

Eita, AMEI esse texto! Tanto o que dizer e disse tudo: "Aplaudimos aos que nos seguem como bandos e usamos o chicote verbal para criticar aos que ousam ser diferentes e assumem os seus quereres". Vamos ter coragem e deixar de assistir de camarote a vida dos outros! Beijos, espero outros textos provocativos assim!

Dani Almeida disse...

Eita, AMEI esse texto! Disse tudo: "Aplaudimos aos que nos seguem como bandos e usamos o chicote verbal para criticar aos que ousam ser diferentes e assumem os seus quereres". É preciso coragem para ousar, e mais coragem ainda, para, como disse Caetano, saber a delícia de ser o que se é, sem dar ouvidos às almas mesquinhas que assistem de camarote os capítulos da vida alheia. Adoro textos provocativos assim! Que venham outros! :)

Sueli disse...

Ju, só nos resta aprender a não dar tanto poder a essa gente faladeira. Muitas vezes deixamos de fazer algo, com medo do que os outros vão falar. Se perdêssemos esse medo, o povo iria falar aos ventos. Outro dia, li algo que adorei. Era mais ou menos assim: "SOMENTE SEREMOS VERDADEIRAMENTE LIVRES QUANDO CONSEGUIRMOS NÃO DAR QUALQUER IMPORTÂNCIA À OPINIÃO ALHEIA". Adorei isso! Beijão!

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