Reconstruindo Caminhos

Reconstruindo Caminhos
Escrevo porque chove saudades no terreno das minhas lembranças e na escrita eu deságuo as minhas urgências, curo velhas feridas e engano o relógio das horas trazendo o passado para brincar de aqui e agora... Costumo dizer que no calçadão da minha memória há sempre uma saudade de prontidão à espreita de que a linguagem da emoção faça barulho dentro de mim e que, nessa hora, o sal das minhas lágrimas aumente o brilho do meu olhar e uma inquietação ponha em desalinho o baú de onde emergem as minhas lembranças, para que eu possa, finalmente, render-me à folha de papel em branco...

maio 26, 2014

Um Ponto de Interrogação

Que queres mais de mim?
Se na hora que eu preciso de ti,
tu és tão somente... Um homem?

Quando vou à igreja eu sou a santa;
quando dobro a esquina, a pecadora.
No lar sou dona de casa;
na rua, se me procuras, sou a outra.
De dia sou a mãe de família;
quando entardece, sou a dama da noite.

Se me falas de política, sou eleitora.
De economia, teu banco.
Se chove, sou guarda-chuva.
Se estais sem abrigo, teu teto.
Quando sofres, sou tua amiga.
Se queres colo, sou tua mãe.
Quando adoeces, sou teu remédio.
E se choras, sou teu perdão.

Que queres mais de mim?
Se na hora que eu preciso de ti,
tu és apenas isto... Uma interrogação.

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