Reconstruindo Caminhos

Reconstruindo Caminhos
Escrevo porque chove saudades no terreno das minhas lembranças e na escrita eu deságuo as minhas urgências, curo velhas feridas e engano o relógio das horas trazendo o passado para brincar de aqui e agora... Costumo dizer que no calçadão da minha memória há sempre uma saudade de prontidão à espreita de que a linguagem da emoção faça barulho dentro de mim e que, nessa hora, o sal das minhas lágrimas aumente o brilho do meu olhar e uma inquietação ponha em desalinho o baú de onde emergem as minhas lembranças, para que eu possa, finalmente, render-me à folha de papel em branco...

abril 16, 2015

A Página em Branco













Apenas um toque e ela surge diante dos meus olhos desafiando-me para mais um confronto, entre o passado e um porvir risonho que nunca chega. No futuro, só existe a ilusão... Promessa de felicidade! Olho para a tela e, hesitante, penso se terei coragem de manchar a sua alvíssima brancura com o sangue derramado das minhas entranhas. Nessa hora, eu lembro: costurei tantas palavras ao longo dos anos que, tal e qual uma roupa ajustada, já não há espaço para nem mais um conserto. Tudo já foi dito e feito na alfaiataria dos meus sonhos. Será!?

Então, penso em nós dois e reinvento retalhos... Novos ajustes! Diante do computador, exponho-me em carne viva e as recordações pousam e se deixam alinhavar sobre a tela em branco. As letras em cor carmesim, devassam-me... Já não sou eu quem percorre, agora, o escaninho da memória e das saudades engavetadas. Quem caminha por entre as lembranças do passado é aquela que um dia foi objeto do seu amor. Olho novamente para as teclas: letras mortas, ávidas por desvendar segredos, e decido pela cor da neve. Nesse instante, você é apenas a página em branco, cheia de rasuras, que se deslocou do livro da minha história.

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