
Prazer, sentimento que nos leva a abrir a comporta dos nossos desejos. Muito já se falou sobre as suas diversas formas e a maneira como reagimos a ele, mas pouco se disse sobre a vulnerabilidade que estamos expostos, quando nos deixamos cegar por esse contentamento e esquecemos a transitoriedade da sua natureza.
Ao nos enredarmos pelos meandros do prazer, devemos estar atentos ao significado que emprestamos aos nossos quereres uma vez que a felicidade proporcionada nos leva à ilusão de posse e de eternidade, quando o que temos são só momentos, onde as nossas urgências encontram abrigo e a felicidade, feita de instantes, se faz possível.
Há pessoas que violam todos os códigos de conduta, esvaziam a alma de pudores e se deixam levar pela efemeridade do prazer. Esquecem ideologias, trocam de partidos, fazem conchavos de toda natureza objetivando conseguir a satisfação, sempre ilusória, de que o desejo incessante dele – o prazer – justifique todos os meios para alcançá-lo. São eles, os amantes do poder, que esquecem a ética e a moral em função da saciedade, de um desejo que lhes massageie o ego. Para essas criaturas, o abecedário que empregam na cartilha onde ensaiam os seus discursos, só forma uma frase: que nos locupletemos todos e que se dane a Nação.
Esse é um prazer obscuro, manejado com destreza nos palanques da vida desse país e que parece se repetir “ad infinitum” ou até o momento, em que a nossa indignação possa dizer: chega! E com isso provarmos o quão ilusório e passageiro ele pode ser.