Reconstruindo Caminhos

Reconstruindo Caminhos
Escrevo porque chove saudades no terreno das minhas lembranças e na escrita eu deságuo as minhas urgências, curo velhas feridas e engano o relógio das horas trazendo o passado para brincar de aqui e agora... Costumo dizer que no calçadão da minha memória há sempre uma saudade de prontidão à espreita de que a linguagem da emoção faça barulho dentro de mim e que, nessa hora, o sal das minhas lágrimas aumente o brilho do meu olhar e uma inquietação ponha em desalinho o baú de onde emergem as minhas lembranças, para que eu possa, finalmente, render-me à folha de papel em branco...

abril 14, 2009

Prazer





Prazer, sentimento que nos leva a abrir a comporta dos nossos desejos. Muito já se falou sobre as suas diversas formas e a maneira como reagimos a ele, mas pouco se disse sobre a vulnerabilidade que estamos expostos, quando nos deixamos cegar por esse contentamento e esquecemos a transitoriedade da sua natureza.

Ao nos enredarmos pelos meandros do prazer, devemos estar atentos ao significado que emprestamos aos nossos quereres uma vez que a felicidade proporcionada nos leva à ilusão de posse e de eternidade, quando o que temos são só momentos, onde as nossas urgências encontram abrigo e a felicidade, feita de instantes, se faz possível.

Há pessoas que violam todos os códigos de conduta, esvaziam a alma de pudores e se deixam levar pela efemeridade do prazer. Esquecem ideologias, trocam de partidos, fazem conchavos de toda natureza objetivando conseguir a satisfação, sempre ilusória, de que o desejo incessante dele – o prazer – justifique todos os meios para alcançá-lo. São eles, os amantes do poder, que esquecem a ética e a moral em função da saciedade, de um desejo que lhes massageie o ego. Para essas criaturas, o abecedário que empregam na cartilha onde ensaiam os seus discursos, só forma uma frase: que nos locupletemos todos e que se dane a Nação.

Esse é um prazer obscuro, manejado com destreza nos palanques da vida desse país e que parece se repetir “ad infinitum” ou até o momento, em que a nossa indignação possa dizer: chega! E com isso provarmos o quão ilusório e passageiro ele pode ser.