Flavia,
do blog "sabe de uma coisa?" escreveu: "(...) ainda não aprendi a manejar com destreza nem os sentimentos, essas pulsões ininteligíveis, nem a palavra, essa lâmina expurgadora (...) E não é que seja essa a minha vontade - essa é a vontade do meu medo, da minha
inexperiência em domá-las”. Por outro lado, o escritor Paulo Coelho nos diz: -
“as palavras são a vida colocada no papel”.
Como
ficamos então se o nosso medo é maior do que a nossa fome de palavras e elas
são a vida descrita no papel?
-
Ainda não sei, estou tentando descobrir. Porém, acredito que a vida de verdade
é escrita no silêncio, pois o medo que nos leva a domesticar os signos é fruto,
talvez, da total incapacidade das pessoas em traduzi-los e, por isso, nos
fechamos nessa ausência de ruído.
O
escritor Leo Buscaglia nos diz que há muitos tipos de símbolos. A linguagem
oral – ou escrita - é apenas um deles. Diz, também, que as coisas mais lindas
poderiam acontecer se nos calássemos.
Meditando
sobre isso, nesse dia chuvoso, propício a lembranças e saudades, eu me
pergunto:- por que será que quando calo a minha fome de palavras, tudo que me
resta é a tua ausência e o teu silêncio? Será que a vida te dói tanto na alma,
que preferes escondê-la das pautas do teu caderno domesticando os símbolos para
não expor a tua nudez? Se tudo isso é verdade tenho que lamentar, porque como
disse Leo, em seu livro, “Vivendo, Amando e Aprendendo”: “basta uma coisa
muito, muito pequena para nos unir e, no entanto, estamos todos tão juntos, mas
morremos de solidão”.
Lembro-me,
agora, da vontade e do medo de Flavia e desisto de buscar o entendimento. Opto por traduzir os
sinais das páginas do meu silêncio, libertá-los e confessar sem receio: eis a
minha vida e a minha alma expostas no papel. Sou eu em carne viva! Sou eu,
ainda... Tua!