Reconstruindo Caminhos

Reconstruindo Caminhos
Escrevo porque chove saudades no terreno das minhas lembranças e na escrita eu deságuo as minhas urgências, curo velhas feridas e engano o relógio das horas trazendo o passado para brincar de aqui e agora... Costumo dizer que no calçadão da minha memória há sempre uma saudade de prontidão à espreita de que a linguagem da emoção faça barulho dentro de mim e que, nessa hora, o sal das minhas lágrimas aumente o brilho do meu olhar e uma inquietação ponha em desalinho o baú de onde emergem as minhas lembranças, para que eu possa, finalmente, render-me à folha de papel em branco...

fevereiro 25, 2008

Homenagem a Luiz Augusto Crispim.




Outro dia, ao ler o Jornal Correio da Paraíba, do qual sou assinante, deparei-me com o seu artigo “Memórias Baldias”. Causou-me estupefação alguém questioná-lo por escrever sobre o passado ou “coisas velhas”, como afirmou o seu leitor.

Como pode alguém relegar as suas lembranças e expatriá-las para longe de si, quando, na verdade, somos todos colcha de retalhos que vamos juntando dia a dia, tirando-os do baú das nossas recordações e agregando-os às nossas saudades esquecidas?

Entre perplexa e estupefata, indaguei: será que o leitor teve, em sua infância, o afago de uma mão amiga a guiar-lhe pelos caminhos que constroem o que seria o museu das nossas primeiras impressões e com as quais, mais tarde, vamos edificar o templo das nossas convicções?

De minha parte, devo dizer-lhe, caro jornalista, que todos os dias, durante todos esses anos, acompanhei os seus passos e fui peregrina de todas as suas emoções em “Caminhos de Mim”. Devo dizer-lhe ainda mais: que aprendi a cultivar as minhas saudades esquecidas, trazendo-as à tona quando delas necessito para tornar os meus dias mais leves, graças à poesia, à delicadeza e ao encantamento que os seus textos me proporcionam.

Durante todo esse tempo, mantive em silêncio a admiração e o respeito, que a sua alma de poeta desperta em mim. Não mais me calo! Ergo, hoje, um brinde àquele que torna os meus dias um eterno trinar de passarinhos e alimenta a minha alma, com a mais doce de todas as canções. Ah, se todos fossem iguais a você... Que maravilha viver!