Reconstruindo Caminhos

Reconstruindo Caminhos
Escrevo porque chove saudades no terreno das minhas lembranças e na escrita eu deságuo as minhas urgências, curo velhas feridas e engano o relógio das horas trazendo o passado para brincar de aqui e agora... Costumo dizer que no calçadão da minha memória há sempre uma saudade de prontidão à espreita de que a linguagem da emoção faça barulho dentro de mim e que, nessa hora, o sal das minhas lágrimas aumente o brilho do meu olhar e uma inquietação ponha em desalinho o baú de onde emergem as minhas lembranças, para que eu possa, finalmente, render-me à folha de papel em branco...

janeiro 17, 2021

A Tua Mão Benfazeja

 













Nascemos folhas de papel em branco e, ao longo da vida, vamos rascunhando a nossa biografia. Durante o processo de caminhar somos auxiliados por várias pessoas. Algumas têm mãos benfazejas, nos indicam rotas seguras, caminhos menos tortuosos. Entre todas elas, podemos escolher heróis, ídolos, gente importante ou gente comum a quem admirar e seguir.

Eu escolhi a ti, meu Pai! Contudo, cuidado onde pisas! E para aonde os teus pés me levam.
Não escolha ser herói, nem ídolo! Tampouco, importante... para que a vida não te roube o tempo da minha educação.

Seja só humano. Demasiadamente humano, para observar e entender os meus passos incertos, o meu andar vagaroso, as minhas opções equivocadas, as minhas dúvidas, ansiedades e inseguranças.

Não exijas que eu pise firme em terreno no qual já deixaste as marcas dos teus sapatos. Este foi o teu caminho... A tua experiência. Deixes que eu escolha o meu e exercite o aprendizado.

No entanto, não hesites em estender-me as mãos quando eu buscar por auxílio, pois esta é maneira que eu tenho de mostrar respeito e admiração pela forma como conduziste a tua vida.

Não te envergonhes do teu currículo pouco extenso, nem da tua biografia sem grandes feitos. Quero-te simples, bondoso, compassivo... Humano! Já o disse. E que te mantenhas a alguns passos de distância durante a minha trajetória, porém ao alcance das minhas mãos estendidas.

Quando eu errar, não me condenes! Não me critiques! Apenas, observa. E, quando solicitado, ajuda-me!
Quando eu estiver indeciso, hesitante, irresoluto, não me fales das tuas conquistas, nem dos teus acertos... Eles são frutos das tuas escolhas, não das minhas. Eu ainda sou um aprendiz do caminho que escolhi. Posso mudar de rota, ajustar os passos e rever decisões.

Todavia, se mesmo assim, eu permanecer no erro, seja colo e abrigo quando eu buscar refúgio, pois foi tua mão benfazeja que orientou os meus primeiros passos e é em ti que eu me espelho.