
Quando me vem essa pergunta à mente, lembro das pessoas que dizem que o seu lugar no mundo é a porta do aeroporto e que não se sentem parte integrante de local nenhum. Nessa hora, penso em mim e nas tantas mudanças que fiz e me pergunto o porquê de tal afirmação.
Tem gente que percorre quilômetros e quilômetros por estrada afora, mas se recusa a fazer a maior de todas as viagens, a única capaz de libertá-la desse sentimento de inadequação: uma viagem ao interior de si mesma. E enquanto isso não acontece, vive sempre de mochila nas costas sem saber, ao certo, qual o seu endereço no mundo. Viaja e leva junto às coisas materiais a sua mudança interna de afetos e sentimentos mal resolvidos, numa eterna andança pra direção nenhuma. Por isso, quando lhe perguntam onde se sente em casa, não sabe o que responder. Mais um entre os nômades da solidão!
Pensando nisso, lembro das várias viagens que fiz e respondo sem pestanejar: o lugar que me faz sentir em casa é dentro de mim e isso independe do local e da situação. A minha casa interior levou muito tempo para ser construída, mas as suas paredes são sólidas o suficiente para abrigar todo e qualquer tipo de mudança. Aonde quer que eu vá levarei a história que construí em minhas andanças pelo mundo e um pouco de cada canto, por onde passei. É dentro de mim que estão fincadas as raízes dos meus afetos e o abrigo que eu chamo de lar.
Em virtude disso, posso afirmar que estou sempre em um lugar confortável e seguro, pois não viajo para me encontrar... Estou sempre dentro de mim e é aqui que me sinto em casa.
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