
Não conto a minha idade pela passagem dos anos numa linguagem matemática, onde um mais um é igual a dois. Ela é a soma perfeita da alegria, do assombro e do encantamento que esbarram em mim, a todo instante, quando dobro as esquinas da vida.
Não tenho medo das rugas nem da flacidez da pele, tampouco do luar de prata que se espalha sobre os meus cabelos. Tenho medo é de deixar de viver, de não espreitar o que se passa lá fora e de não aquecer o que guardo aqui dentro: meus sonhos!
Foram tantas as mudanças e tão grandes as transformações por mim presenciadas, nesses anos passados, que ouso perguntar ao tempo se “ele se rói com inveja de mim porque sabe passar e eu não sei.” Continuo a sonhar os meus sonhos de menina... Ele – o tempo – só conta do lado de fora.
Por isso, se ainda me destinam um lugar nesse trem que eu chamo de vida, deixem-me entrar no vagão da frente, porque a criança que adormece em mim, ainda está dando os seus primeiros passos e não pretendo acordá-la para contar números. Além do mais, fazer aniversário é apenas um compromisso com a possibilidade de fazer a vida diferente e ser feliz todos os dias, não importa a idade.