Reconstruindo Caminhos

Reconstruindo Caminhos
Escrevo porque chove saudades no terreno das minhas lembranças e na escrita eu deságuo as minhas urgências, curo velhas feridas e engano o relógio das horas trazendo o passado para brincar de aqui e agora... Costumo dizer que no calçadão da minha memória há sempre uma saudade de prontidão à espreita de que a linguagem da emoção faça barulho dentro de mim e que, nessa hora, o sal das minhas lágrimas aumente o brilho do meu olhar e uma inquietação ponha em desalinho o baú de onde emergem as minhas lembranças, para que eu possa, finalmente, render-me à folha de papel em branco...

junho 17, 2010

Desabafo






“-A marca da minha digital está aí. Essa sou eu! Portanto, não falem por mim, nem assumam o que não sou tampouco o que não sinto mais. Ainda conservo a voz, a lucidez e a minha capacidade de locomoção. Também conheço o meu papel e sei a hora certa de me retirar de cena!”

Esse foi o desabafo que ela fez, quando alguém lhe roubou a identidade, tomou posse de suas palavras e apresentou-se em seu lugar...

Que estranha mania têm as pessoas de pensar e falar em nome das outras. Não lembrava de ter feito qualquer confidência ou declaração de amor, mas aquela criatura propagava aos quatro ventos que sabia quem tinha a posse do seu coração e era o dono do seu amor. Coitada! Não soube ler nas entrelinhas a diferença entre o real e a fantasia... Não compreendeu que ela alinhavou retalhos de saudades, na época em que a sua alma espreitava a vida lá fora, apenas porque gostava de inventar histórias...