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No teclado, as letras fora da ordem alfabética, lembram-me o lúdico e, instintivamente, quero brincar com as palavras, mas olho para elas e, dentro do meu silêncio tagarela, penso: este é o momento certo para juntar-lhes as notas musicais dos meus gemidos e compor uma linda canção de amor.
- Será que estou pronta para fazê-lo, pergunto-me!? E, antes que a dúvida amordace novamente as minhas frases, deixo que as minhas mãos deslizem pelo teclado, libertando-as. Hoje, darei carta de alforria aos meus pensamentos. Vou revelar o meu segredo.
- Amei-o tanto e tão profundamente que esqueci de mim. Dediquei os melhores anos da minha juventude a uma esperança estéril, irmã gêmea do abandono ao qual me entreguei, quando, por minha livre e espontânea vontade, alimentei ilusões de poder reconstruir os caminhos por onde, um dia, desfilou o nosso amor de ontem.
Ontem, tempo pretérito, passado que não passa, pois ainda que lhe reconheçamos o cheiro de naftalina e a fragilidade dos sonhos, falta-nos o alicerce da vontade para admitir que: só é nosso aquilo que possuímos. E, eu nunca o tive. Faltou entrega, mas muito mais do que isso, faltou honestidade e atitude. Sobrou covardia!
Não lhe cobrei royalty por alimentar a sua vaidade com o meu amor, e sim, dignidade e respeito, pois não lhe bati à porta com um pires na mão, apenas amei-o em silêncio, por um longo tempo. Tempo que um dia se esgota sem arrependimentos nem mais saudades, pois venho descobrindo que gosto mesmo é de falar de amor...