
Já houve quem indagasse por que falo tanto do tempo – esse que se conta pela sucessão das horas – e eu lhe respondi: procuro capturar dele os momentos de felicidade, pois, um dia, o amor fez de mim o seu cais e com a urgência de um passageiro em trânsito deixou meu coração dilacerado e partiu. (...).
Ando recolhendo do meu desejo a pressa em espalhar afetos, somar ternuras e multiplicar carícias, mas o tempo urge em época de relações virtuais, quando não se pode reclamar instantes perdidos e oportunidades passadas. Fazer o que então, se o ponteiro do relógio em sua inexorável marcha me tira o sabor da conquista e o poder da sedução?
Preciso de tempo e ele anda curto! O meu amor é lento em mãos de ternura e o meu mapa da felicidade está cheio de pegadas na areia; tem sempre uma onda que vem - apaga os vestígios - e escreve pelo caminho a palavra saudade. Preciso de tempo para me instalar delicadamente em seu coração e encontrar no mapa do amor, o caminho que me leve de volta às estrelas.