Hoje, ao lembrar de uma rua eu me senti aquecida.
É que outro dia, visitei a General Osório, no centro da cidade, e trouxe na bagagem lembranças, para colocar nas gavetas já tão abarrotadas da minha alma. No estojo da memória guardei os mais belos anos da minha vida: os anos dourados da juventude, com as suas inquietações, arroubos, paixões avassaladoras, e ainda, no rastro das recordações; um rosto, uma voz, uma mão amiga – minha tia Laice – ajudando-me a tecer fantasias.
Ao me entregar ao exercício de aquecer a memória, deleito-me com o prazer inefável dos cheiros e aromas que perfumam o ambiente, e compõe a cena de uma rua chamada saudade.
As reminiscências desfilam, neste momento, ante os meus olhos: são as cinzas do passado espalhando ternuras, perpetuando encantamentos, e trazendo sons adormecidos de palavras que escreveram a mais bela canção de amor: solidariedade.
(...).
E agora, feito bolas de sabão ao vento, as lembranças se dissipam e com elas, os personagens, seus perfumes e a trilha sonora de uma época onde o amor guardava poesia.
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