Reconstruindo Caminhos

Reconstruindo Caminhos
Escrevo porque chove saudades no terreno das minhas lembranças e na escrita eu deságuo as minhas urgências, curo velhas feridas e engano o relógio das horas trazendo o passado para brincar de aqui e agora... Costumo dizer que no calçadão da minha memória há sempre uma saudade de prontidão à espreita de que a linguagem da emoção faça barulho dentro de mim e que, nessa hora, o sal das minhas lágrimas aumente o brilho do meu olhar e uma inquietação ponha em desalinho o baú de onde emergem as minhas lembranças, para que eu possa, finalmente, render-me à folha de papel em branco...

janeiro 11, 2012

Carta a um Amor Desconhecido










A ti que habitas o imaginário das minhas fantasias...


Coloquei os meus sonhos na gaveta da memória, certa de que, em algum momento, eles teriam serventia, mas foi tudo em vão... Entardeci, enquanto esperava, pois a natureza efêmera dos teus desejos sequestrou as minhas ilusões deixando-me, somente, lembranças e um rasto de perfume que eu gastei e, ainda hoje gasto, colecionando saudades.
Em que caminho eu te perdi, ó meu amor desconhecido, fruto das minhas quimeras!? Procuro-te, agora, nas veredas dos meus sonhos e não te encontro mais. Então, como em um quadro feito de mosaico vou colocando peça por peça, reconstruindo a imagem que fiz de ti, até conseguir definir o contorno do teu rosto. Nesse instante, dou-te as feições do meu querer e, quero-te tanto, que me esqueço... Mas, logo penso: já cumpri o rito de passagem na estrada das ilusões quando saciei a minha fome de infinito e alimentei esse amor por tantos anos. Agora, quero viver um dia de cada vez, sem memórias e sem sonhos.
Quero embebedar-me de palavras vivas... Sentir o gosto da vida a descer pela minha garganta; provocando-me, inebriando-me e trazendo-me o sorriso aberto das coisas recém-descobertas.
Não te quero mais, ó meu amor desconhecido! Foste chama a queimar os melhores anos da minha vida... Houve dias em que deixei o meu coração vaguear por aí preenchendo as minhas horas com uma saudade doída de ti. Encharquei a minha alma de lembranças e de saudades, calei a minha fome de palavras e tudo o que me restou foi a tua ausência...
Não te quero mais, ó meu amor desconhecido!