Reconstruindo Caminhos

Reconstruindo Caminhos
Escrevo porque chove saudades no terreno das minhas lembranças e na escrita eu deságuo as minhas urgências, curo velhas feridas e engano o relógio das horas trazendo o passado para brincar de aqui e agora... Costumo dizer que no calçadão da minha memória há sempre uma saudade de prontidão à espreita de que a linguagem da emoção faça barulho dentro de mim e que, nessa hora, o sal das minhas lágrimas aumente o brilho do meu olhar e uma inquietação ponha em desalinho o baú de onde emergem as minhas lembranças, para que eu possa, finalmente, render-me à folha de papel em branco...

fevereiro 22, 2010

Castanha e ameixa, por favor!








Insight na linguagem comum é como se fosse um estalo. De repente, uma ideia ou uma lembrança, que parece vir dos porões da vida, nos acorda pedindo um novo olhar sobre...

Por que não pensei nisso antes?! É a pergunta que fazemos nessa hora.

Pois bem, dessa vez a iluminação tem cor e sabor: castanha e ameixa, por favor! Esse é o pedido que ela sempre faz na mesma sorveteria que freqüenta há anos. E não é só isso! Têm outros hábitos que foram se instalando, lentamente, sem que ela se apercebesse: o mesmo caminho para ir e vir, o mesmo restaurante, o banco, a mesma marca de carro, a praia... Até um velho amor embrulhado para presente num papel já gasto pela poeira do tempo. Tudo igual! Não importa o tempo e as suas estações a sugerir mudanças. Ela engessou a vida, se fez estátua.

Castanha e ameixa o seu sorvete preferido durante décadas, foi o fio condutor desse estalo que ora se apresenta, pedindo soluções práticas e urgentes. Por que não se abrir para o novo mudando de cores e sabores, traçando outros destinos e fazendo novas escolhas?

São perguntas para as quais ela ainda não tem respostas, mas que já foram entregues ao tempo, para que a solução esteja muito mais em acordo com o desejo da sua alma e menos com o imediatismo que pontua as decisões baseadas em valores de referência, tais como: modismo, vaidade ou a “solidão do único cálice de vinho.”

Mudança é como carinho de mãe... Tem que ser espontânea, abrangente e alcançar o lugar aonde – ainda - não podemos ir...