De tanto brincar com as palavras, elas fugiram de mim, e em nome de uma suposta coerência, estão deixando o território livre para que eu decida, de uma vez por todas, se desejo o branco da folha de papel, ou assumo o ‘vermelho rubro’ da minha paixão escancarada.
Tentei argumentar, mas, alegando diferenças irreconciliáveis, elas me abandonaram pelo caminho. Foi então, que eu perguntei: se vocês forem embora, onde eu vou encontrar o amor? Houve um silêncio pesado entre nós – como se a resposta já estivesse explícita – e logo em seguida, elas responderam:
- Ele está dentro de você, nas curvas do seu desejo e por todos os poros por onde transpiram as suas urgências. (...).
E partiram, deixando-me a sós com a brancura da folha de papel, que hoje, não me permite grandes vôos, tampouco mais uma mentira.
Ao delimitar as fronteiras entre o ser jovem ou velho, estamos subtraindo das pessoas o que elas têm para nos dá de contribuição sobre os dois mundos. É improfícua a luta que se estabelece quando um despreza a experiência do outro, alegando que a modernidade e a juventude são pré-requisitos para uma vida melhor e mais inteligente.
Estamos na era da tecnologia, nunca as coisas avançaram em tamanha velocidade e com a ‘urgência do agora’, a ciência nos brinda todos os dias com uma nova invenção: um dia descobre-se que café, vinho e chocolate fazem bem, no outro, se desdiz. Nada, dura para sempre! Estamos sempre em processo de renovação e de novas descobertas. Por que então não fazermos bom uso dos nossos aprendizados.
Alguém já disse: “Não sou jovem, não sou velho. Tenho o melhor dos dois mundos”.
E já que vivemos uma época de descobertas efêmeras, por que não nos darmos as mãos, para juntos, encontrarmos o equilíbrio entre a experiência do novo e a sabedoria dos anos vividos.
Se não perdermos a nossa capacidade de sonhar, criar e acontecer, seremos sempre jovens, em experiências e sabedoria. Sem contrapor com a juventude!