
- E aí, coroinha, tu me amas?
- Sim, meu filho, eu te amo!
- Pouco, muito ou uma exorbitância?
- Uma exorbitância!
- Se eu morrer, tu choras?
- Choro.
- Pouco, muito ou uma exorbitância?
Era dessa maneira – com esse diálogo - que entravas em nosso lar e feito um furacão pedias casa, comida, roupa lavada e de quebra um amor incomensurável (sem cobranças, é claro!) capaz de abrigar os teus anseios e curar todas as tuas carências.
(...)
Mas, de repente, se fez silêncio. Um silêncio incômodo! Que fala de ausência e de saudades... Olho a mesa posta e ouço a canção: “Naquela mesa tá faltando ele e a saudade dele, tá doendo em mim”.
- Penso: será que exerci o amor de mãe em sua total plenitude? Será que falei que te amava o suficiente para te abastecer de certezas pelo resto de tua vida?
- Não sei! Amor por mais que se dê, ainda é pouco, dirão alguns.
Se pouco, se muito ou uma exorbitância, eu não sei. A verdade é que eu te amo o bastante para te ver crescer e ir embora; ainda que isso me doa, para te ver trilhar caminhos nunca antes percorridos; ainda que isso me incomode, para te imaginar nas fronteiras do perigo; e ainda assim, te incentivar a partir.
Amo-te tanto e tão intensamente, que ao te colocar no mundo deixei meu coração em aberto, só para abrigar todos os teus sonhos como se fossem meus.
Amo-te tanto e a tal ponto, que vivo brigando com as horas que se esvaem, que se esgotam e mal me dá oportunidade de falar de amor, de ajeitar carinhos e construir ternuras.
“O Tempo não Para” já dizia o poeta Cazuza. Por isso, quero aproveitar, hoje, da urgência do meu sentimento para eternizar nessas poucas linhas o amor, o respeito e a admiração que sinto, por ti, meu filho.
Amo-te tanto que, diante do silêncio da tua ausência, resolvi dizer que a saudade é tamanha, que o tempo resolveu zombar de mim porque ele sabe passar e eu não sei...
Sinto a tua falta!