Reconstruindo Caminhos

Reconstruindo Caminhos
Escrevo porque chove saudades no terreno das minhas lembranças e na escrita eu deságuo as minhas urgências, curo velhas feridas e engano o relógio das horas trazendo o passado para brincar de aqui e agora... Costumo dizer que no calçadão da minha memória há sempre uma saudade de prontidão à espreita de que a linguagem da emoção faça barulho dentro de mim e que, nessa hora, o sal das minhas lágrimas aumente o brilho do meu olhar e uma inquietação ponha em desalinho o baú de onde emergem as minhas lembranças, para que eu possa, finalmente, render-me à folha de papel em branco...

fevereiro 09, 2015

Ilusão

















Ele sempre pedia: escreva! escreva! E eu, tonta, me despia em letras. Achava lindo aquele jeito de amar, até descobri que dentro dele havia um iceberg e que o dicionário do meu amor era labareda que não o aquecia. Ele tinha fome de palavras, mas o deserto da solidão que havia atravessado durante tanto tempo o incapacitara para os gestos longos e abraços demorados que as orações sugeriam.

Por isso, andei costurando as minhas palavras. Coloquei uma vírgula aqui, uma interrogação ali, as reticências pelo meio e, de súbito, uma interjeição que surgiu para clarear o caminho. Então, eu entendi, finalmente, que estava na hora de botar um ponto final naquela história de amor que nunca aconteceu... Ilusão!