Ele sempre pedia: escreva! escreva! E eu, tonta, me despia em letras. Achava lindo aquele jeito de amar, até descobri que dentro dele havia um iceberg e que o dicionário do meu amor era labareda que não o aquecia. Ele tinha fome de palavras, mas o deserto da solidão que havia atravessado durante tanto tempo o incapacitara para os gestos longos e abraços demorados que as orações sugeriam.
Por isso, andei costurando as minhas palavras. Coloquei uma vírgula aqui, uma interrogação ali, as reticências pelo meio e, de súbito, uma interjeição que surgiu para clarear o caminho. Então, eu entendi, finalmente, que estava na hora de botar um ponto final naquela história de amor que nunca aconteceu... Ilusão!
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