Outro dia, um texto divulgado nas redes sociais trouxe-me à lembrança a frase acima. A revolta, a indignação, o ódio e o preconceito saltaram-me aos olhos naquela escrita e, nas entrelinhas, uma suposta perfeição moral e religiosa de quem publicou aquelas palavras. De onde vieram os pensamentos e sentimentos contidos naquela página? Esta foi a pergunta que me fiz e que deu origem ao tema em questão.
Durante décadas, eu procurei viver cristãmente e participei de todos os ritos sagrados instituídos pelo Catolicismo: batismo, confirmação, eucaristia, penitência, matrimônio, unção dos enfermos e confissão. Porém, devo dizer que houve uma ocasião em que eu me senti envergonhada de professar a minha cristandade. Isto aconteceu na Páscoa de um tempo pretérito. Como bom penitente, enquanto estive na fila do confessionário, esquadrinhei todos os recantos da memória a busca de pecado e nada encontrei contra as minhas virtudes, pureza e religiosidade.
Então, quando se aproximou o momento da confissão senti-me vestida de santidade e, entre perplexa e lisonjeada, interroguei-me:
- Estarei a caminho da iluminação!?
Naquele instante, um profundo mal-estar invadiu-me. Foi o prenúncio de um futuro inventário de culpas capaz de destruir a catedral da minha suposta perfeição moral e religiosa... E foi isto o que aconteceu ao longo dos anos seguintes. Depois daquela situação, eu revisei a minha configuração mental e passei a observar com um olhar mais crítico as minhas atitudes, os meus pensamentos e os sentimentos que eles provocaram em mim, principalmente, a soberba.
Em função disto, passei também em revista todas as minhas crenças a respeito do mundo e decidi fazer uma imersão na história de vida de cada pessoa que cruzar o meu caminho, antes de julgá-la. Nunca a frase: - “ quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra”, fez tanto sentido para mim.
Eureca! Desfez-se a santidade, a iluminação e a minha suposta perfeição moral e religiosa. Afinal, por meio desta citação, eu compreendi que também tenho sombras e pecados inconfessos.
Um comentário:
Que lindo texto e por mais que nada grave tenhamos cometido, sempre pecamos, até em pensamentos, ou omissões,não é?
Adorei!
beijos,tudo de bom,chica
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