A cena fora tão comovente que, no intervalo entre uma propaganda e outra, lembrei-me de uma frase do escritor Ivan Martins: - “ não há limite de idade para o desvario”. Então, do alto dos meus setenta e dois anos de idade, vi-me carregada de urgência e expectativa a busca de um amor igual àquele. A partir dali, eu decidi: quero um amor sem fraude! Não me contento com menos. Desejo ser vista com o mesmo carinho, ternura e admiração que estavam gravados naquele olhar.
Nesta época da minha vida, as armadilhas do ego não têm espaço para expandirem-se dentro de mim. O outono que branqueou os meus cabelos deu-me também um olhar crítico e apurado. Incomoda-me as firulas de quem gasta o seu português tecendo palavras que se transformam com o tempo. Eu quero mesmo é ser olhada sem nenhum pudor e com a mesma emoção que se derramara naquela cena, através da janela dos olhos de Tarcísio. Eu quero um amor que não habite em palavras pontuadas por ausências e, sim, no silêncio de um olhar que fala. Por essa razão, eu repito: quero um amor sem fraude e carregado de urgência, mas, livre das armadilhas do ego. Um amor cuja a única expectativa é que venha carregado de ternura, carinho e admiração.
Um comentário:
Que lindo texto, lindo teu sentir! Esses dois, infelizmente estão separados pela morte do Tarcísio. Mas Glória sempre ficará com esse olhar na lembrança. Tão bom isso! Amor e cumplicidade! beijos, tudo de bom,chica
Postar um comentário