Há dias eu acordei com esta sentença ecoando em minha cabeça:- A vida é, antes de tudo, explicação!
Não entendi, de imediato, o porquê das letras se fazerem inquilinas do meu cérebro, sem pagar aluguel e, ainda por cima, obrigarem-me, depois de desperta, a costurar acordos com a minha consciência a busca de uma explicação. Na sequência da frase acima, duas questões surgiram-me à mente.
- Você é feliz?
- Pagou o preço pelos seus sonhos?
Então, pensando sobre isso, eu fiz esta reflexão:
Durante boa parte da juventude, nós ignoramos as engrenagens que põem os ponteiros do relógio em funcionamento. Deambulamos pelas ruas e avenidas sem lenço e sem documento. A princípio, levadas pelo frescor dos primeiros anos, desconhecemos o valor das horas. Não temos pressa em ser felizes, nem passamos em revista o cotidiano porque acreditamos ter todo o tempo do mundo para fazê-lo. Nesta fase, as vozes da razão sempre silenciam quando o assunto é o tempo que urge.
Decorridas algumas décadas, fazemo-nos as mesmas perguntas:
- Fomos felizes?
- Pagamos o preço que os nossos sonhos exigiram?
Nesta ocasião, a consciência que temos sobre o tempo pretérito sugere que pensemos mais sobre o assunto. Surgem novas interrogações:
- Em que lugar está escondido este contentamento, se o tempo futuro continua escorrendo pelos nossos dedos e parece arremessar sonhos e felicidades para longe de nós?
As horas, agora, parecem correr na velocidade da luz, enquanto continuamos a nos questionar.
- Em que lugar perdemos o bonde da história ou deixamos de montar no cavalo que passou encilhado?
Aí, entendemos o sentido da frase: a vida é, antes de tudo, explicação.
Acreditar nos sonhos é tão importante quanto vivê-los. Deixar o cavalo passar ao largo sem montá-lo é um preço alto que pagamos por desistir daquilo que nos faz felizes.
Existem pessoas que cavam a unhas e dentes oportunidades que a outras são oferecidas de graça. Àquelas lhes faltam tudo ou quase tudo. Mas, a coragem para ir a busca dos seus sonhos é combustível que inflama o corpo e o espírito. E elas correm como lobos atrás daquilo que alimenta as suas almas. Outras passam a vida adiando, silenciando desejos e ignorando os ponteiros céleres do relógio da vida.
Por estas e por outras razões, devemos ou não pagar o valor exigido pelos nossos sonhos?
- A resposta é simples e está dentro de nós desde sempre.
Pensemos sobre os nossos desejos mais íntimos e tomemos a decisão que vai mudar o rumo das nossas vidas lembrando-nos, porém, de que a ela - a decisão – e, as suas consequências, são de nossa inteira responsabilidade. Não devemos esperar que a vida mude, nem que a felicidade chegue sem esforço, tampouco que tudo aconteça como num passe de mágica. Devemos pagar o preço pelos nossos sonhos, quaisquer que sejam eles, para que mais tarde não nos reste nenhum arrependimento, nem ninguém a quem atribuirmos à culpa por escolhas que fizemos.
As nossas vidas se autoexplicam pela cara e o valor que atribuímos a ela.
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