Da varanda da sua casa ela espreitava o caminho. O seu olhar varria ruas e dobrava esquinas na esperança de que ele aparecesse. Contava as horas, os minutos e os segundos. Precisava da sua presença para amenizar a saudade que a consumia... De repente, como num passe de mágica, ele surgia em sua farda azul e amarela, trazendo nas mãos um amontoado de sonhos.
Era o carteiro, mensageiro de tantas ilusões!
Hoje, ao abrir o armário do seu quarto ela encontra palavras guardadas na gaveta. Pega-as e fica absolutamente entregue às suas lembranças... Pede emprestado à memória um tempo feliz e faz as pazes com o passado!
Já não lhe dói tanto ter amado sozinha durante todo esse tempo, pois a geografia do amor tem os seus acidentes de percurso e além do mais, nessa hora, uma colcha de retalhos feita de boas recordações lhe apazigua a alma aquecendo-a por dentro. Olha outra vez para suas saudades engavetadas; lembra do tempo passado, do carteiro, das ilusões e faz um inventário do seu amor! Reedita lembranças e pensa: “foi eterno enquanto durou.” Depois disso, fecha a gaveta, dá um sorriso e diz: agora eu estou pronta... Aceito! E começa a ser feliz outra vez...
8 comentários:
Oi Julieta
Que bonito seu conto ,sus gavetas cheias de saudades.
Adorei.
As memórias ajudam na caminhada, é a nossa história ali presa nas gavetas,e tocá-las dá sempre um enorme prazer.
meus abrços e parabens
prossiga, escreva mais, eu volto.
bjinhos
Olá
Vim retribuir a visita..e gostei, vou de certeza voltar mais vezes e com mais tempo
Jorge Soares
Maravilhoso esse fechar as gavetas e saber que está pronta pra recomeçar!Lindo!beijos,chica
Cara JULIETA
Adorei este seu conto, especialmente o facto do Carteiro ser "mensageiro". Concordo perfeitamente! Aliás sei bem como foi importante para mim esse MENSAGEIRO, durante os quase três anos que vivi na longinqua selva Angolana, nos também longinquos anos sessenta do século passado.
Parabéns pelo seu conto.
Bjs
G.J.
Olá Julieta
Há muito que não venho visitar-te, falha minha eu sei, mas hoje vim aqui deixar uma palavra de apreço e admiração por tão lindo texto.
Revi-me nas suas palavras...aquelas cartas e fotos escondidas no fundo de uma gaveta, são momentos que se revivem com saudade, mas que nos impelem a dar uma nova chance á vida e a percorrer novos caminhos.
Beijos
Manu
Julieta acredito que existe transmissão de pensamento, pois logo pela manhã estive aqui a ler o teu maravilhoso e saudoso texto. Iniciei o comentário assim: Julieta tens uma escrita tão viva e sentida que me disperso sempre que aqui passo, deixo-me envolver propositadamente pela sincera forma de expressares os sentimentos, estes que te abraçam em momentos tão ternos como este de guardares os teus bens preciosos nas gavetas e partilhares com os leitores essa intensidade de emoções...(depois a net foi abaixo) ...e muito a custo tive que fechar esta janela em que reconstrois caminhos e envolver-me no trabalho. Outros assuntos se meteram pelo meio e a lembrança ficou por momentos na gaveta.
Agora voltei a abrir a gaveta e de lá saíram palavrinhas soltas envolvidas em algodão doce.
Como é bom fazer este caminho até aqui e sentir que existe sempre renovação, aprendizagem, construção, vontade de vencer e de descobrir novos horizontes.
Sonhos vividos e outros ainda por viver, esperança e tantas recordações que nos fazem crescer e avançar no tempo.
Obrigado por nos dares este prazer e por nos ajudares a reconstruir caminhos...Adoro ler-te!!
Beijokas
Passando pra deixar um abraço e desejar um ótimo domingo.
quero mais contos, rsrs
beijinho
Wow! Já vi esse filme!!! (de perto)...rs. Muito bom! Abração!
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