Há algum
tempo, o professor de redação pediu-me para dissertar sobre um tema qualquer e,
naquele dia, nada parecia mais pertinente, pois eu sangrava por dentro. Então, escrevi: - eu rasgo o verbo com o meu
amor, abro um sulco nas minhas feridas e exponho as minhas cicatrizes, mas tomo
uma atitude. Nascia ali, nas páginas da minha dor, a escrita mais sincera que
alguém ousou colocar nas pautas de um caderno.
Sem
preâmbulos, fui logo dizendo que em mim as palavras não adormecem, elas ganham
asas e saem rumo ao seu destino. E, naquela hora, a direção era você.
Cobrava-lhe uma atitude! Sim ou não era a resposta ansiada. Talvez, amanhã ou
depois seriam frutos de sua indecisão... Não me interessavam.
Pedi-lhe um
posicionamento, você respondeu-me com o seu silêncio e, mais uma vez, na ausência das suas palavras perdeu-se o encantamento do meu
sentir: acabou-se o amor, diluiu-se o desejo e a minha admiração.
Já não lembro mais o seu rosto, esqueci
a sua voz, o som dos seus passos e o perfume do seu corpo. Você não se encaixa
mais nas minhas lembranças e, hoje, o passado só me serve para fazer poesia e
brincar com as palavras.
Por isso, coloquei nos dedos a sua
hesitação e com ela escrevi o tema. Tomei uma atitude e esqueci você!
5 comentários:
Magnifico, simplesmente adorei, parabéns!
Beijinho,
Ana Martins
Julieta, minha atitude é nunca esquecer de que você nos lembra sempre o quanto é bom a boa literatura. Adoro ler seus escritos. Um grande abraço. Paz e bem.
Oi Ju
Percebo que desde cedo já nascia em ti essa forma bonita de se jogar de peito aberto diante da vida, com palavras , com gestos, com vontade ser feliz.
Como sempre apreciando e te gostando mais.
com beijinhos
Custa muito cultivar o desapego,uma dor silenciosa que nos corrói a alma apodera-se de nós e teima em não nos largar, sendo nossa companheira sombria nas noites de solidão, até que um dia e sabe-se lá porquê, dizemos " basta".
A partir desse momento esvaziamos o que não interessa mais ocupar nosso coração e ficamos preparadas para dar lugar ao novo.
Espero que nesse seu enorme coração, outro coração se una e que juntos possam caminhar lado a lado.
Beijinhos
Manu
"Eu rasgo o verbo com o meu amor, abro um sulco nas minhas feridas e exponho as minhas cicatrizes, mas tomo uma atitude". Li, reli e só me restou destacar isso, Julieta. Grato por ter posto os pés no meu vale.
Abraços.
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