Reconstruindo Caminhos

Reconstruindo Caminhos
Escrevo porque chove saudades no terreno das minhas lembranças e na escrita eu deságuo as minhas urgências, curo velhas feridas e engano o relógio das horas trazendo o passado para brincar de aqui e agora... Costumo dizer que no calçadão da minha memória há sempre uma saudade de prontidão à espreita de que a linguagem da emoção faça barulho dentro de mim e que, nessa hora, o sal das minhas lágrimas aumente o brilho do meu olhar e uma inquietação ponha em desalinho o baú de onde emergem as minhas lembranças, para que eu possa, finalmente, render-me à folha de papel em branco...

outubro 18, 2007

Homenagem à Nalícia

Justamente hoje dia do Psicólogo, falta-me a inspiração!
Tenho um lápis, uma página em branco à minha frente e tanta coisa para falar sobre você e, no entanto, o meu olhar está perdido no vazio, tentando encontrar palavras que expressem a minha gratidão por todo esse tempo em que você foi minha companheira de viagem ao interior de mim mesma.
Logo eu que falo tanto - muito mais do que deveria - perco-me hoje no silêncio, buscando palavras que possam definir uma pessoa que pela própria profissão que exerce, torna-se indefinível.
- Quem é Nalícia para você?- pergunto-me. E de repente, como num passe de mágica, a resposta vem naturalmente – e não vem sozinha! Com ela traz toda uma carga de emoção quando lembro dos caminhos que percorremos juntas, tentando desvendar o insondável e misterioso interior humano, onde se escondem as nossas mais variadas emoções.
Costumo dizer para mim mesma, que é nesta ‘cela solitária’ que escondemos a nossa criança adormecida, tentando preservá-la das maldades desse mundo. Pois bem, foi nesse pequeno e inacessível mundo que você entrou de mansinho, sutilmente como quem nada queria, meio fada, meio bruxa, você me virou ao avesso e disse: “ Olhe para você, Juliêta! Só há uma Juliêta assim (como você) no mundo. Não permita que as pessoas caminhem sobre sua cabeça com os pés sujos”.
Aí eu parei e pensei:
- Quem é esta pessoa que parece saber mais de mim do que eu mesma? É Nalícia, a psicóloga? – tornei a indagar.
- Sim. É a Psicóloga Nalícia. – respondi. Um misto de pai, mãe, irmã, parente ou aderente e também a nossa mais ferrenha inimiga. Aquela que nos mostra o espelho da alma e nos obriga a olhar de frente para as nossas fraquezas, os nossos erros e acertos e que, parece dizer: “Olhe-se e ame-se, pois você é tudo que está refletido aí. E se não estiver satisfeita com a imagem que vê, então mude, mas não busque respostas nem mudanças nos outros, e sim em você mesma”.
É Nalícia sim, a psicóloga que consegue a admirável proeza de ser profissional antes de tudo, de não vacilar um milímetro dentro da ética em ser fria e impassível - olhando à distância nossas pequenas e grandes revelações ou insights - mas é acima de tudo, a Nalícia humana que num abraço fraterno, depois de terminada a sessão, trai toda a carga emocional que a ética a obriga a esconder. E é para essas “duas Nalícias” que eu hoje tiro o meu chapéu e digo:
- Obrigada, por você existir! Você me gerou de novo! Foi um parto dolorido, difícil às vezes. Houve momentos em que eu me escondi, mas você sabiamente esperou o momento oportuno de me colocar de volta à vida e como Fênix, eu ressurgi das cinzas, amando e desejando viver intensamente.
Que Deus a guarde para nós, por muitos e muitos anos. Feliz dia dos Psicólogos!

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