Reconstruindo Caminhos

Reconstruindo Caminhos
Escrevo porque chove saudades no terreno das minhas lembranças e na escrita eu deságuo as minhas urgências, curo velhas feridas e engano o relógio das horas trazendo o passado para brincar de aqui e agora... Costumo dizer que no calçadão da minha memória há sempre uma saudade de prontidão à espreita de que a linguagem da emoção faça barulho dentro de mim e que, nessa hora, o sal das minhas lágrimas aumente o brilho do meu olhar e uma inquietação ponha em desalinho o baú de onde emergem as minhas lembranças, para que eu possa, finalmente, render-me à folha de papel em branco...

abril 16, 2010

Licença Para Sentir Saudades








Pelas frestas da memória visito o meu estoque de recordações, faço um inventário das minhas saudades e penso: construir-me é um processo difícil e doloroso, pois a vida e as suas urgências tentam me ensinar a abrir mão de pessoas, coisas e lugares e eu não consigo.

Já faz algum tempo que, intimada pelo carinho dos meus filhos, resolvi fazer uma faxina em meus porões. Lá, encontrei um baú repleto de lembranças que me expôs o que chamo de minha pátria de intimidades. Nessa ocasião, remexendo em velhas fotografias, cartas de amor e pedaços de carinhos, pensei: na minha vida ninguém está de passagem e, por isso, em meus afetos também não há prazos de validade.

Como posso esquecer as pessoas que partiram encantadas pelo brilho das estrelas? E as outras que, acreditando nas promessas do porvir, permaneceram ao meu lado desafiando o tempo da esperança?

Como deixar de ouvir palavras alinhavadas em ternuras - antecipando carinhos - e sentir cheiros que ficaram guardados no sítio da memória?

Como não revisitar lugares que remetem a uma alegria escancarada, se em todas as minhas lembranças há sempre um rastro de felicidade?

Por tudo isso, parece que o meu destino é não aprender a dizer adeus, pois no enredo da minha vida não há um alvará de soltura para a saudade.

10 comentários:

Solange Maia disse...

Juliêta,

por estas frestas a gente acaba reorganizando os afetos... e, de verdade, tudo nos serviu, tudo nos coube...

lindo esse seu rastro de felicidade...

linda essa sua maneira de sentir saudades...


beijo carinhoso, e não posso deixar de dizer maisuma vez que sempre saio daqui absolutamente encantada....

manu disse...

Olá Julieta
Adorei olhar para o seu estoque de recordações, mas acima de tudo a forma como olha para elas.
Pessoas, lugares, palavras são eternas lembranças de alguém que vive com plenitude e sabedoria.

Beijos
Manu

Debora Bottcher disse...

Juliêta,
Agradeço pelo carinho de me ler na Crônica do Dia.
Também eu li, de um vez só, a 'capa' do seu blog e me encantei com seus escritos sobre saudade e tempo...
E é isso: a vida passa num segundo, não?
Obrigada por seus textos também - vc escreve com muito sentimento (e muito bem!).
Super beijo.

Simone disse...

Dona Juliêta,

Juliana me passou o endereço do teu blog. Estou encantada com seus texto. Esses dias tb abri meu estoque de recordações e estava lembrando dos bons momentos que passamos nas minhas ferias em Joao Pessoa. Os jatares, as sobremesas que só a senhora sabe fazer.
Apesar da distancia e do tempo que nao nos falamos lembro muito da senhora minha fiel concorrente.
Um beijo no seu coração.
Simone Simiema ( amiga de Goiás)

lis disse...

Oi Julieta
Como nossa memória guarda as lembranças mais sublimes e as mais tristes e doídas!!
então a saudade permanece em grandes estoques e gosto de mexer e revirar tudo rs
Lindo texto
abraços

Carla S.M. disse...

Eu sempre fico com saudades quando leio seus posts. Eles sempre tem um quê de saudosismo. Sinto falta de tudo tb.

chica disse...

Sempre há motivos e momentos em que ela,a danadinha da saudade aparece...Lindo!beijos,linda semana, essa do teu niver,né?chica

chica disse...

Venho aqui, agora, adiantadinha, pranão correr o risco de esquecer,te deixar meu beijo e desejar FELICIDADES SEMPRE pelo niver,dia 29. Parabéns e que seja lindo teu niver e teus dias!beijos,chica

lis disse...

Oi Juliêta
Passando pra deixar meu abraço e dizer que "roubei" umas palavrinhas usas dessas que só voce sabe escrever. rs e levei pra comemorar comigo.
E o post saiu até adiantado porque o mouse deu um defeitinho e clickei no
publicar em vez de salvar,aí deixei hoje mesmo com data de amanhã.
vê lá e diga se ficou bom, nao zangue por ter feito como as vezes fazemos com poetas consagrados colhemos a melhor parte. rs
abraços

Cândida Ribeiro disse...

Olá Julieta,

Acabei de ler no blog da Lis o poema que ela escolheu...lindo. Senti vontade de dar aqui uma espreitadela e gostei deste "licença para sentir saudades"...
é bom quando conseguimos espreitar pela fresta da memória e recordar os momentos lindos que já vivemos.
A vida nos oferece muitos mais se estivermos dispostos a vivê-los.

um abraço