Reconstruindo Caminhos

Reconstruindo Caminhos
Escrevo porque chove saudades no terreno das minhas lembranças e na escrita eu deságuo as minhas urgências, curo velhas feridas e engano o relógio das horas trazendo o passado para brincar de aqui e agora... Costumo dizer que no calçadão da minha memória há sempre uma saudade de prontidão à espreita de que a linguagem da emoção faça barulho dentro de mim e que, nessa hora, o sal das minhas lágrimas aumente o brilho do meu olhar e uma inquietação ponha em desalinho o baú de onde emergem as minhas lembranças, para que eu possa, finalmente, render-me à folha de papel em branco...

junho 21, 2010

O Contraponto









Somos nós que fazemos a nossa história, por isso não nos peçam para aceitar regras ou preceitos criados por uma sociedade machista, pois os tempos são outros e nós mulheres - ah! nós mulheres - há muito que fomos à luta.

Faz anos que deixamos de ser a menininha do papai e a bonequinha de luxo que o marido gostava de exibir. Já não temos mais casa, comida e roupa lavada à custa do “chefe da família.” Hoje, contribuímos com o suor do nosso rosto para o custeio familiar. Temos jornadas duplas, triplas e ainda nos cobram a beleza e a estética de um corpo bem cuidado, para não perdermos o posto de “rainha do lar.”

- Onde já se viu tamanho despautério? E o contraponto?

É interessante verificar que por onde os nossos olhos passeiam só encontram homens grisalhos, carecas, barrigudos, insuportavelmente arrogantes, vaidosos e cientes do seu poder, que, na maioria das vezes, resume-se apenas ao peso do seu bolso...

Pobres homens! Compram, hoje, em moeda vigente, pílulas azuis e a companhia de uma jovem que lhes tragam de volta a juventude e a virilidade perdida... E ainda chamam isso de amor!

Enquanto isso, nós, antigas menininhas e bonecas, que hoje também estudam, trabalham, pagam seus impostos e participam ativamente do progresso socioeconômico desta nação, temos que amargar a “solidão do único cálice de vinho,” porque viver e amar sem compromisso são prerrogativas dos homens.

Pobres homens! Esquecem que a vaidade, o orgulho e o poder estão no contraponto que nos dá o direito e a possibilidade de fazer tudo igual e ainda assim, escolhemos ser diferentes por respeito e compromisso apenas a nós mesmas...

4 comentários:

Paulo disse...

Olá Juliêta ^^

Muitos homens, mas mesmo muitos homens são como tão bem descreveste, daí o rótulo "todos os homens são iguais" lhes ficar bem na testa LOL.

O Amor não se compra, simplesmente acontece e demonstra-se pelo respeito e confiança, agora o sexo compra-se e pode-se até usar doping para criar a ilusão do fulgor perdido.

A Amizade não se compra, simplesmente agradece-se e demonstra-se "cultivando" todos os dias a confiança e o respeito, agora as mordomias e vassalagens compram-se para criar a ilusão de alguém estar cercado por amigos.

O Mundo é um lugar estranho cheio de aparências e vidas de ilusão, atenta nesta quadra de poema de Fernando Pessoa:
"Fôssemos nós como devíamos ser
E não haveria em nós necessidade de ilusão. Bastar-nos-ia sentir com clareza e vida. E nem repararmos para que há sentidos ... "

Bonito teu texto, a experiência de quem topa as ilusões e sabe o que é verdadeiro, distinguir o trigo do joio.

Uma pergunta, será que é possível existir amizade entre homem e mulher?

beijinho e abraço caloroso ^_^

manu disse...

Olá Julieta
Este seu texto vem de encontro ao que há muito penso sobre a postura de certos homenzinhos que dão como dado adquirido a subserviência e submissão das mulheres, julgando que podem comprar tudo. A pouco e pouco esse tempo está a terminar e hoje nós mulheres queremos ser respeitadas pelo que somos e não pelo palminho de cara, ou pela forma de vestir.
Hoje mais que nunca esses seres barrigudos,grisalhos, arrogantes e que julgam ter o rei na barriga, estão felizmente a ficar para trás e nós mulheres temos o direito e o dever de gritar bem alto "basta".
Adorei seu texto.
Beijo enorme
Manu

lis disse...

Bravo Juliêta
Quanto é lamnentável esse tipinho que descreves! e como já nos deparamos com eles!
Concordo com o Paulo que distingue alguns poucos diferentes, porque se buscarmos muito podemos até encontrá-los rs
O que me preocupa e faz refletir é que "nós mulheres" somos as educadoras desses meninos que se transformaram em namorados gentis e maridos sugadores . E ainda mais aflita quando percebo que "nós mulheres" é que nao cobramos deles o mesmo cuidado que somos cobradas com a beleza , o corpo e ainda somos capazes de aceitar as tais pílulas azuis rs
As mulheres tem parceria com essa vulgaridade , é so por causa delas que os homens tendem a não respeitá-las devidamente .
Muitas vitórias temos vencido ,mas ainda está longe o reconhecimento total dos valores de cada um na sociedade e na familia.
Os jovens de hoje podem mudar isso e assim espero.
É assunto pra muitas páginas Juliêta
rs
Continuemos a luta
muitos beijinhos

Libel disse...

Muito bom Julieta,

Só tenho pena que ainda existam tantas mulheres submissas e coladas nesses homens que retratas, por motivos de sobrevivência, falta de instrução, apoio familiar e meios económicos. Por outro lado fico animada, pois percebo que esta nova geração está longe disso aí, homens e mulheres estão dando o passo na mesma direcção, as mulheres estão se afirmando cada vez mais e aos homens só lhes resta uma coisa: respeitar e acompanhar o fluxo, caso contrário ficam em minoria e acabam por ser ridicularizados.

Beijokas
Muito bem escrito, como sempre!!
Bom Fim de semana