Uma cortina de chuva veste o instante de saudades e a tristeza põe-se de pé dentro de mim. Nessa hora, o “tempo é um rio que corre” e leva-me para algum lugar do passado. Começo a alinhavar as letras com cuidado, deixando que os meus dedos, em carne viva, escrevam a “poesia sem pele” do meu cotidiano.
Sobre a mesa repousam o lápis e o papel, objetos com os quais eu costuro os meus retalhos de saudades. Olho-os e penso: tenho nas mãos a festa, a alegria e no peito, a morte, a agonia. A folha de papel em branco convida-me a escrever, mas a cortina de chuva desvia a minha atenção e o parto da criação é interrompido pela sedução do olhar que serpenteia, agora, pelo rio da minha emoção. São tantas as lembranças! A chuva acordou saudades... Chove, também, nos meus olhos. Tenho no peito a morte, a agonia.
Um som plangente ecoa na solidão do meu silêncio... É o passado, essa saudade agridoce, fazendo-me viajar em pensamentos. Voo na contramão do tempo e perambulo pelos espaços dentro de mim. Procuro gavetas! Abro-as, reviro-as e, só então, começo a costurar os meus retalhos de saudades.
É tempo de acordar lembranças!
PS: As frases em itálico são títulos de livros dos autores: Lya Luft e Lau Siqueira, respectivamente.
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