Numa manhã de segunda-feira, do mês de maio, eu caminhava pela beira-mar quando encontrei uma garrafa plástica, entre os sargaços. De imediato, coloquei-a na mão direita e saí engarrafando o vento, embora o meu desejo fosse guardar sonhos para vê-los florescer no futuro.
O marulho das águas, o som do vento engarrafado e a solidão do caminho atraíram o meu olhar para o horizonte e eu quis saber, naquela hora, o que me esperava no além-mar: fios de esperança ou farrapos da minha ilusão?
No silêncio do verbo esperei a resposta e segui, pensativa, rasgando o manto d'água que cobria os meus pés... Ao longe, um barco seguia o seu curso, tão solitário quanto o meu. Então, comecei a costurar as minhas lembranças e escrevi na areia da praia: viver será sempre sentir fome da tua presença. Ainda, pensando sobre isto, lembrei de uma frase que li: - a história não tem freio... Não, não tem! Mas, a minha não terá outra versão. Ela será contada, eternamente, enquanto eu folhear o meu dossiê interno e perceber que a dor do abandono, ainda me assombra e dói como da primeira vez.
Por isso, naquele momento em que eu caminhava pela beira-mar, engarrafando o vento, os meus olhos acordaram sonhos e esperançosos, quiseram saber: - o que me espera no além-mar: fios de esperança ou farrapos da minha ilusão?
Um comentário:
Acredito e desejo que nesse seu vaguear pela praia hajam fios de esperança em detrimento de farrapos de ilusão.
O ontem já era, hoje há o momento que me encantei com suas palavras que brotam nostálgicas do seu coração.
Acreditar é preciso.
Beijinhos Julieta
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