Gibinha, há quase 37 semanas recebi o anúncio do seu voo. Confesso que fui surpreendida pela notícia. Não esperava por ela tão cedo e os motivos pelos quais eu reafirmei a minha surpresa, não pareceram tão óbvios... Nada a ver com a passagem do tempo, a idade, o envelhecimento, tampouco com a carga de significação, que a notícia sempre trouxe para boa parte das mulheres. Não estava preparada para ser avó. Como assim, eu avó? Ninguém me perguntou se eu queria! Passei dias, semanas, meses para me acostumar à ideia de que você iria entrar em minha vida e sem permissão invadiria as minhas horas tornando as minhas noites insones. Acabou-se o meu sossego, pensei. Logo agora, com a vida estabilizada, os filhos criados, independentes e os dias livres para organizar o tempo como bem me prover. Recorri às lembranças do passado. Uma lista de motivos intermináveis justificou os meus pensamentos... Vai começar tudo, de novo!? Longas noites de vigília a espantar preocupações quanto ao seu futuro, ao seu caráter e a sua maneira de viver. Nenhuma certeza de que o investimento em horas de amor, carinho, renúncia, dedicação fariam de você um homem íntegro, ético, valoroso. Um ser humano melhor, comprometido com as causas sociais, lutando por um mundo mais justo e igualitário. Não há garantia sobre isso. Nenhuma certeza de que as longas horas a olhar para o relógio - depois de você ganhar às ruas, o trariam de volta ileso para os meus braços. Nenhuma certeza, aviso ou premonição de que novos tempos serão sem injustiças, nem violências para minimizar as minhas dores e angustias!? Apenas, inquietações acelerando o ritmo cardíaco, quando um filme em retrocesso passa diante dos meus olhos em momentos de incertezas. Eu já vivi isso, penso. Por isso, passado o espanto inicial e ainda sem ter desfeito a fita que amarra o novo presente, como minha mãe recomendou-, debruço-me nesse momento sobre as teclas do computador a catar letras que retirem as impurezas dos meus pensamentos e abro as minhas asas para dar-lhe proteção e boas-vindas. Faltam poucos dias para eu ganhar o presente, mas quem vai ler o cartão dessa vez é você. Que nas asas do seu voo lhe acompanhem a saúde, a generosidade, a compreensão e a alegria de viver no amor. E, também, o compromisso de fazer aos outros aquilo que gostaria que fizessem a você. Seja bem-vindo, Gibinha!
Crédito de Imagem: Armindo Alves. Um amigo com poesia no olhar. Um cronista visual.
Um comentário:
Que lindo presente a vida vai te dar. Que GIBINHA chegue bem e viva rodeado de saúde e muito amor! Parabéns! beijos, chica
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