Outro dia, tentei escutar a velha senhora que há tempos pede passagem para fazer morada em mim, e não a encontrei.
- Sinto muito, ousei dizer, mas a minha parada estacionou nos quinze anos. Tenho alma – ou espírito – de criança, e não me peçam para mudar! Não tenho medo do ridículo, e sim, de não poder criar, produzir, erguer castelos no ar e com eles abastecer de sonhos o meu viver. E a que se destina o viver se não for para transformar a matéria dos seus sonhos em realizações palpáveis? Há pessoas que morrem cedo quando abrem mão do desejo e da sua capacidade de transformar o mundo. São peregrinos de uma nação sem bandeira e estranhos de si mesmos. (...).
Não são os anos que me tornam mais sábia e circunspecta, porque se assim o fosse, todas as velhas seriam prudentes e felizes. A minha sabedoria está em permanecer alerta aos chamamentos da vida, a alegria de viver e a possibilidade de poder voltar e começar tudo outra vez.
Não quero a passagem e a seriedade dos anos determinando o meu comportamento e as minhas atitudes. Quero, agora e ainda, a iniciação dos meus verdes anos, para desfraldar as bandeiras que eu assumi na conquista da minha felicidade.
Portanto, não me perguntem! A ninguém é dado o direito de me lembrar a minha idade e o que fazer com ela, pois, tenho a idade dos meus sonhos e eles não acabam nunca.
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