Brincar com as palavras me permitiu exercer a face oculta dos meus sentimentos inconfessáveis. Dei-lhes um nome: saudades, e a partir daí, pus em prática a atividade lúdica de manusear as letras do alfabeto do amor. Peguei-as, e com elas, criei as minhas contradições. Ora, somava-lhe um sinal – uma pausa – e lá estava o meu amor latente, entre vírgulas, disfarçado; ora, ele assumia a sua intrepidez e dava abrigo aos meus desejos mais secretos.
Hoje, em vôo livre sobre as asas dos ventos, estou em busca da minha liberdade perdida. Vou recolher as palavras soltas pelo ar, para tentar resgatar o quanto de mim que ficou perdido neste espaço feito da poeira dos meus sonhos. Palavras mágicas, doces e caramelizadas, produtos de uma safra, doados, e sempre em provisão: amor, carinho, ternura e paixão, não encontram mais ressonância. (...).
Estava em busca de um passaporte que me libertasse desses sentimentos, por isso, escancarei a saudade até o amor esgotar-se.
Um comentário:
Eis o poder catártico das palavras:libertar sentimentos, dar vazão às emoções, transformar. Parabéns pelo texto. Lindo mesmo.
Postar um comentário