O velho
manual de instrução estava ali ao alcance das suas mãos, mas ele desdenhava, olhava
de soslaio, evitando comprometer-se. De que lhe serviam aquelas páginas gastas,
fruto da experiência alheia!? Queria sorver a vida de um só gole, levantar um
brinde a si mesmo e dizer: não dependi de ninguém!
Fonte de
prazer e de orgulho foi gastando a frase até se deparar com a solidão, essa
velha amiga de todos nós. Recorreu, então, às compras, à bebida e às drogas na
tentativa de suprir o abandono ao qual se entregou.
(...)
Hoje,
refeito das dores e com mais experiência ele diz:
- Vivo na
contramão das coisas. Enquanto uns acumulam bens, serviços e honrarias, eu
pratico o desapego daquilo que ao longo do tempo classifiquei como
prioridade... Os meus passos outrora hesitantes se encaminham, hoje, céleres
para o terreno fértil das coisas simples. Há tão pouco tempo para sentir! Que
falta me fez um manual de instrução com as palavras amor e sabedoria em letras maiúsculas, no início do meu caminhar.
Ao nascer me
foi dito que a conquista da felicidade era para os mais fortes, belos, sagazes
e disponíveis para viver os prazeres da vida.
Orgulho, vaidade e ambição eram o trio de ouro que me levaria ao pódio.
Dinheiro e poder o fio condutor para esse almejado lugar. Ninguém mencionou as palavras amor e sabedoria! Essas, somente o tempo
nos apresentou, apesar de conhecê-las por meio de alguns velhos clichês: só o
amor constrói; e, dinheiro paga a conta, mas não traz felicidade.
Vaidade!
Tudo é vaidade. Está escrito no mais antigo de todos os livros. Por que será,
então, que teimamos em não enxergar o óbvio? O que mais se vê por aí são egos
inflados por letras mortas e palavras sem vida!
Buscamos honrarias, mas esquecemos de duplicar o conhecimento em favor
do bem comum. Viver é tão simples, ser
feliz mais ainda, no entanto, investimos tempo e esforço naquilo que está
distante de nós e esquecemos o amor, fonte de toda sabedoria!
Pensando
nisso, lembrou-se do velho manual de instrução, que o amor de mãe havia colocado em suas mãos para que as
dores do mundo não lhe pesassem tanto e sorriu...
Afinal, a
vida ensina!
9 comentários:
Muito lindo e como a vida ensina.noooooooooossa!!! beijos,ótimo fds!chica
A vida ensina sim, Juliêta!
Gostei muito do texto.
Beijinho,
Ana Martins
A vida ensina; desde que queiramos aprender;)!
Bjo
Há quem teime em esquecer esse preciosso manual de instruções, envereda-se por caminhos fáceis e aparentemente sedutores.
Depois a vida encarrega-se de mostrar através do sofrimento e de caminhos íngremes e tortuosos que afinal lá naquele cantinho, bem escondido e arrumado há o tal manual que fala de amor e sabedoria, palavras mágicas que podem , mesmo que tarde que as podemos usar e que são afinal o caminho certo, para atingir a felicidade.
Como sempre suas palavras me ensinam a olhar a vida com uma lucidez estonteante.
Um enorme beijo minha amiga
Manu
Eu estou tentando aprender a me contentar. Contentamento é o melhor freio aos desvios do valor intrínseco da vida e ao mesmo tempo o maior aprendizado humano de sabedoria que pode haver. A insatisfação permanente que nos cerca precisa de encontrar barreira no contentamento.
Muito bom estar aqui, Julieta. Abração e ótima semana.
paz e bem.
Olá, querida
As dores do mundo não nos sufocam para sempre... vem o Auxiliador em nosso socorro...
Bjm de paz
Então não ensina!!
E o teu texto ensinas-nos o que há de verdadeiro e essencial na vida!
Beijos,
Muitas vezes a vida ensina já um pouquinho tarde! rs
Vamos elaborando nosso Manual e abri-lo nos momentos necessários.
deixo abraços Julieta
com carinho
Realmente, você, menina, é fantástica. Bjs
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