Quando, um dia, eu não estiver mais entre vocês, por favor, não me rendam homenagens. Quero-as, em vida! Não esperem pela última pá de terra, para falar sobre seus amores.
A vocês, hoje, eu peço um pouco do que lhes dei a vida inteira: paciência, tolerância, perdão, compaixão e renúncia. Amor, carinho e ternura também fazem parte do pacote. Afinal de contas, ninguém vive só de leite materno... Não, por favor, não me digam, novamente, que não pediram para nascer. Eu, também não! Mas estou aqui, firme e forte, fazendo aos outros aquilo que gostaria que fizessem a mim.
Peço-lhes, ainda, encarecidamente, que não me chamem de perversa, cruel e mesquinha quando, na tentativa de formar cidadãos decentes, eu negar-lhes algo; nem sintam repulsa por mim quando me virem estendida no leito, doente e solitária, pois, um dia, eu já os vi assim, doentes e solitários, e, na ocasião, me doei inteira...
Quando a última pá de terra descer sobre o meu caixão, não sintam por mim – eu não estarei mais aqui – e, sim, por vocês... O tempo, esse juiz magnânimo para uns e padrasto para outros, irá desenhar o caminho que vocês irão percorrer e, a mãe vida, essa senhora do destino de todos nós, trará de volta todos os gestos e palavras de amor que, ao longo dos anos, vocês me negaram. Aí, vai doer não mais em mim...
Finalmente, quando um dia, eu não estiver mais aqui, não chorem por mim. Apenas, leiam o que escrevi... E, se nada disso fizer sentido, não se preocupem. A vida se encarregará de ensinar-lhes o que precisam aprender, pois o tempo é, e sempre será, o senhor da razão.
Um comentário:
Faço das suas, as minhas palavras! É bem assim mesmo. Feliz daqueles que não esperam a Vida ensinar. Os métodos de ensinamento dos pais são bem mais suaves... Abração!
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