Apenas um toque e ela surge diante dos meus olhos desafiando-me para mais um confronto, entre o passado e um porvir risonho que nunca chega. No futuro, só existe a ilusão... Promessa de felicidade! Olho para a tela e, hesitante, penso se terei coragem de manchar a sua alvíssima brancura com o sangue derramado das minhas entranhas. Nessa hora, eu lembro: costurei tantas palavras ao longo dos anos que, tal e qual uma roupa ajustada, já não há espaço para nem mais um conserto. Tudo já foi dito e feito na alfaiataria dos meus sonhos. Será!?
Então, penso em nós dois e reinvento retalhos... Novos ajustes! Diante do computador, exponho-me em carne viva e as recordações pousam e se deixam alinhavar sobre a tela em branco. As letras em cor carmesim, devassam-me... Já não sou eu quem percorre, agora, o escaninho da memória e das saudades engavetadas. Quem caminha por entre as lembranças do passado é aquela que um dia foi objeto do seu amor. Olho novamente para as teclas: letras mortas, ávidas por desvendar segredos, e decido pela cor da neve. Nesse instante, você é apenas a página em branco, cheia de rasuras, que se deslocou do livro da minha história.
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