Reconstruindo Caminhos

Reconstruindo Caminhos
Escrevo porque chove saudades no terreno das minhas lembranças e na escrita eu deságuo as minhas urgências, curo velhas feridas e engano o relógio das horas trazendo o passado para brincar de aqui e agora... Costumo dizer que no calçadão da minha memória há sempre uma saudade de prontidão à espreita de que a linguagem da emoção faça barulho dentro de mim e que, nessa hora, o sal das minhas lágrimas aumente o brilho do meu olhar e uma inquietação ponha em desalinho o baú de onde emergem as minhas lembranças, para que eu possa, finalmente, render-me à folha de papel em branco...

agosto 25, 2016

Um Breve Relato sobre Mim


Hoje, não há memória! Tudo é silêncio! Olho para o teclado do computador e as letras se retraem advertindo-me que, nesse momento, eu não tenho autorização para brincar com as palavras. Parece que careço dessa ausência, para que o impulso verbal não me leve a escrever o que não devo. No entanto, é desse silêncio que emerge os primeiros passos em direção a geografia do meu viver e ao certificado da minha existência. Quem eu sou? Você quer saber! Então, para lhe responder, resolvo fazer um breve relato sobre mim.

Sou terra. Tenho raízes profundas... Não é qualquer ventania que me põe abaixo: sou como o bambu, envergo, mas não quebro. Na cartografia dos meus passos eu nunca pus a minha alma em risco, pois a medida da minha vontade e o do meu desejo passa, antes de tudo, pelo respeito ao outro. Sou movida a utopia e as asas da minha imaginação se estendem em direção ao bem-estar comum. Sonho com um mundo mais justo e igualitário, onde a “globalização da solidariedade” seja a meta de todos. Sonho com um lugar alforriado das ditaduras das leis e daquilo que segrega e discrimina. Sonho com um lugar que não hospede semideuses de plantão e suas certezas de pedra. Um lugar onde o avesso da palavra seja também reverência ao outro, e de onde nunca sejamos instigados a rasgar o véu da hipocrisia e da exacerbação do eu.

Gosto de relembrar acontecimentos que apontem os perigos do ego e que me deem a real dimensão da minha humanidade, pois a roda gigante da vida não para de girar... Sou avessa a deslumbramentos e à glória do poder. Preconceitos? Nenhum! Só com quem tem preconceito... Na minha travessia existencial, a ladainha da esperança é reza forte, porém, procuro mudar primeiro a mim, para depois mudar o mundo. Certezas? Tenho! Sou um aprendiz do caminho... E, do amor, tudo o que posso dizer é que sou leal, mas não admito cabresto. Quero liberdade para mostrar quem sou. Por isso, se você quer saber mais sobre mim, que se aproxime, mas antes tire o pó do caminho e entre descalço na minha alma, pois ela urge um tempo de sonhos e delicadezas.

Um comentário:

chica disse...

Adorei como te mostraste. Forte, doce ao mesmo tempo! beijos, chica