Vivemos uma época de ressaca amorosa...
Procuramos um amor com características próprias, ou seja, alguns quilos de carne fresca com músculos bem definidos, adornados com as grifes da moda - Versace, Louis Vuitton e Armani - e alguns adereços, certamente, adquiridos na última Fashion Week. Deseja-se ainda, que ele venha embrulhado para presente e de preferência com um pomposo sobrenome de família assinado no verso do cartão. É um amor possível, mas que pressupõe vaidades: é arrogante, orgulhoso do ‘estar’ e sempre consegue o que quer, embora padeça da efemeridade e tenha na impermanência a lógica do seu desejo desvairado. É o amor ao poder...
Pobre amor de poderes podres que chafurdam no lamaçal da boçalidade e da inconseqüência. Ao menor sinal de desilusão, ou à primeira ruga ou cicatriz que surgir, lá se vai embora o amor procurar, nas prateleiras das varas de família, o acordo mais rentável, que é para fazer justiça ao parceiro por tanta ‘ dedicação e renúncia’, ‘companheirismo e cumplicidade’.
A antítese desse amor é o poder do amor conjugado na primeira pessoa do plural – nós – e que fala amorosamente e de mãos dadas sobre: carinho, ternura, compromisso e responsabilidade, solidariedade e respeito, peças fundamentais na construção de uma vida a dois. Amores assim constituídos, não desmoronam por uma gordurinha aqui, uma celulite ali ou uma seqüela física qualquer, nem tampouco se um revés financeiro mudar os ventos da bonança para outras plagas. É um amor sem disputas de egos ou de poder. É um amor de completude e não de exclusão... É um amor com açúcar e com afeto suficientes para acender uma fogueira, ouvir o outro e, a partir daí, reinventar o amor se necessário for.
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