O Pé de Flamboyant – da minha infância - era o meu passaporte para a felicidade e a minha identidade de criança. Nós fincamos as nossas raízes em um mesmo terreno e crescemos juntos. Ninguém sabia ao certo onde começava um ou findava o outro. Éramos unha e carne, parceiros e cúmplices, companheiros de uma infância feliz. “Carpe Diem” era o nosso código.
Naquela época, o tempo e o vento em conta-gotas contribuíam para o bailado que as flores executavam quando se desprendiam dos galhos, fazendo surgir em ondas vermelhas um tapete por onde rolavam as nossas emoções e a sutil arte de ser feliz, pois, de viver ninguém tinha pressa; colhíamos o dia para saboreá-lo à noite entre sussurros e risadas felizes.
O tempo se fez cupido dos meus sonhos: o meu pé de Flamboyant adormeceu em mim, e acordou hoje, trazendo lembranças que me fazem feliz outra vez.
Em seu tronco mais forte instalei um balanço – uma corda, uma tábua e um travesseiro - e eu, menina, alcei voos inimagináveis... Pura fantasia, somente realizável pela inconsequência da idade e do ser criança; muitas vezes eu subi em seus galhos com um prato de comida numa mão e um copo na outra, apenas, para olhar a cidade do alto de suas copas. Sentia-me feliz e poderosa... Era a felicidade em flocos de algodão doce tentando se misturar às nuvens para tomar banho de sol...
3 comentários:
São cheiros, lembranças e sensações que provocam as recordações de nossa infância, apurando, através dos sentidos, o que mais tarde servirá para acalentar nossos sonhos de adulto. Para mim, um cheirinho de perfume de maçã verde entre as dobras de meus livros de inglês me remetem a um tempo em que nem imaginava me tornar professora (!)...
Um pé de flanboyan também marcou meu passado, snif..
Dessa história eu me lembro bem ;-) Queridaaaa, adorei te ver no meu blog.
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